Caracas, 21 jun (RV) - A violência na prisão venezuelana de El Rodeo, onde
se registraram pelo menos 25 mortos na última semana, levou os bispos do país a escreverem
um documento sobre a situação.
Eles denunciam que a rebelião dos presos teria
deixado 37 mortos e dezenas de feridos, segundo números indicados pelos parentes.
“Gangues de presos lutam entre si e contra os guardas carcerários, enquanto as autoridades
do Estado venezuelano, além de violar o artigo 272 da Constituição, renunciaram completamente
à responsabilidade de proteger a vida e a integridade física das pessoas detidas e
punidas com o cárcere”.
No texto, os bispos da Comissão Justiça e Paz da Conferência
Episcopal denunciam igualmente a ação de organizações criminosas e máfias internas
que exercem o controle absoluto dentro das estruturas usando inclusive armas, com
a cumplicidade dos agentes. Enfim, o documento expressa solidariedade aos familiares
dos detidos. A carta é assinada pelo presidente da Comissão, o Arcebispo de Koro,
Dom Roberto Luckert Leon.
Entretanto, a Comissão Interamericana dos Direitos
Humanos (CIDH), vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA), está cobrando
do Governo da Venezuela a adoção de medidas para proteger a vida e a integridade das
pessoas detidas. Para a Comissão é responsabilidade do Estado manter a integridade
e segurança de todos.
Pelos dados da CIDH, no ano passado 476 presos foram
mortos e 967 ficaram feridos em carceragens da Venezuela. No período de 1999 a 2010,
4.506 detidos morreram e 12.518 foram feridos. “As cadeias da Venezuela são as mais
violentas e superlotadas da região” - diz o relatório.
Grupos de direitos humanos
afirmam que El Rodeo foi construída para 750 pessoas, mas abriga hoje 3,6 mil. Em
nível nacional, os 49 mil detentos venezuelanos vivem em um espaço criado para suportar
13 mil. (CM)