Rabat, 20 junho (RV) – O projeto de reformas da Constituição anunciado pelo
rei do Marrocos, Mohammed VI, nesse final de semana, foi motivo de decepção para muitos
que pediam – já nos protestos do início do ano - uma monarquia parlamentar. Eles foram
às ruas protestar, mas tiveram uma surpresa ao depararem-se com defensores do monarca
e da sua reforma constitucional, 10 mil ao total na capital Rabat, e o confronto entre
os dois grupos terminou em violência.
Foi uma espécie de contra manifestação
que, oficialmente, teria se formado espontaneamente, uma vez que os partidários de
Mohammed VI diziam estar nas ruas para declarar seu amor pelo rei e dar seu “sim”
à nova Constituição por ele proposta. Contudo, outra versão dada por inúmeras testemunhas
– citadas pela Radio France Internacional – conta que esses manifestantes teriam recebido
entre 4 e 5 euros cada um e teriam sido encorajados por autoridades locais para descer
às ruas.
A nova Constituição reduz os poderes do rei – que perderia seu
caráter “sagrado” - e amplia as responsabilidades do Governo e do Parlamento. Porém,
o monarca terá o poder de escolha do primeiro-ministro, que, a partir de agora, terá
autonomia para nomear ministros, embaixadores e outros cargos públicos.
No
discurso do fim de semana, ele apresentou um resumo do que deverá mudar na nova Constituição.
O papel do Parlamento será reforçado e o órgão poderá revisar a Constituição, criar
comissões de investigação e promulgar anistias. O Judiciário será supostamente independente
e o primeiro-ministro terá mais poderes. Segundo analistas políticos, isso representa
um certo distanciamento da autocracia, embora ainda esteja longe da democracia parlamentar
plena exigida pelos manifestantes que foram às ruas naquele início de primavera árabe.
(ED)