2011-06-18 16:00:53

"BENDITO SEJA DEUS PAI, BENDITO O FILHO UNIGÊNITO E BENDITO O ESPÍRITO SANTO. DEUS FOI MISERICORDIOSO PARA CONOSCO."


Campanha, 18 jun (RV) - Este tempo maravilhoso de Páscoa, que foi encerrado com o Domingo de Pentecostes, nos colocou diante dos olhos a unidade da obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Cristo veio cumprir a obra do Pai e nos deu seu Espírito, para que ficássemos nele e mantivéssemos a obra do Pai e nos deu seu Espírito, para que ficássemos nele e mantivéssemos o que Ele fundou, renovando-o constantemente, neste mesmo Espírito. Assim, a festa de hoje vem contemplar o tempo pascal, como uma espécie de síntese. Síntese, porém, não intelectual, mas “misterial”, isto é, celebrando a nossa participação na obra das pessoas divinas. A festa da Santíssima Trindade sempre foi celebrada no domingo seguinte ao domingo de Pentecostes, com a finalidade de mostrar o triunfo da Santíssima Trindade na história da salvação: o Pai Criador, o Filho Salvador, o Espírito Santo que renova e refaz todas as coisas.

Foi Jesus quem revelou que no Deus único há três pessoas distintas. Santo Antônio afirmou que na Palavra Pax está contida a revelação do mistério da Trindade: “Note que na palavra pax, paz, há três letras e uma sílaba, em que se designa a Trindade e a Unidade: no P, o Pai; no A, primeira vogal, o Filho, que é a voz do Pai; no X, consoante dupla, o Espírito Santo, procedente de ambos. Assim, ao dizer: A paz esteja convosco, recomenda-nos Cristo a fé na Trindade e na Unidade”.
O Concílio Ecumênico Vaticano II afirma que o dogma da Santíssima Trindade é o centro de nossa fé.
O próprio Cristo envia os seus discípulos para a missão determinando que o mandato do batismo seja efetuado em nome da Trindade Santíssima: “Ide pelo mundo e batizai a todos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (cf. Mt 28,19). A existência de um Deus único, com uma só natureza divina, mas distinto em três pessoas, é revelação de Jesus.
Por isso a Santíssima Trindade permeia toda a vida do cristão. Todas as vezes que fazemos o sinal da Cruz estamos invocando a Santíssima Trindade. Quando fazemos o sinal da Cruz reverenciamos o Deus único e verdadeiro, Pai, Filho e Espírito Santo. E, assim, também começa a Santa Missa com a saudação inicial: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus-Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”, quando pedimos que Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
A Trindade está presente em tudo: no canto do glória quando glorificamos ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo; bem como, no Credo, quando renovamos a nossa fé no Deus uno e trino, Pai, Filho e Espírito Santo.


Na primeira leitura da missa de hoje (cf. Ex 34,4b-6,8-9) Javé revela seu íntimo: o Deus misericordioso e fiel. Deus se revela a Moisés como o Deus da graça (misericórdia) e verdade (fidelidade). Enquanto nós o concebemos como juiz castigador, ele nos ensina que sua bondade ultrapassa de longe a sua vingança. O castigo de Deus se esgota, sua misericórdia não.


O mistério da Santíssima Trindade é a luz que ilumina todas as verdades da fé. E é um mistério de amor profundo. A Trindade é a comunidade perfeita, a comunidade de amor pleno. O Pai criou tudo por amor; o Filho, muito amado pelo Pai constrói no mundo, com sua vida, um reino de amor, e o amor é um dos grandes dons do Espírito Santo. Assim, no Santo Evangelho de hoje (cf. Jo 6,51-58), tirado do diálogo de Jesus com Nicodemos, recorda o imenso amor de Deus pelas criaturas, pelos homens e pelas mulheres, um amor tão grande, tão sublime, tão profundo que vence a barreira do pecado e da morte à custa do sangue derramado de seu próprio Filho. Um amor inaudito que quer ter todas as criaturas junto a si, participando de sua feliz vida eterna. Deus nos ama de tal maneira que nos enviou o Espírito Santo em auxílio da fraqueza e da miséria de nossa fé, completando o nosso coração de esperança, avivando a fé em Jesus, o Redentor, revestindo de tal maneira nossa vida a ponto de ser Ele quem reza em nós e em nós rende louvores e graças a Deus. Deus Pai já não olha para o nosso pecado e ignorância, mas vê o “o próprio Espírito, que advoga por nós em gemidos inefáveis.” (cf. Rm 8,26)


A graça do Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo demonstram o mistério de Cristo na Igreja só se entende considerando a atuação das três pessoas divinas, o amor de Deus que se manifesta na graça – no dom – de Jesus Cristo e opera na comunhão do Espírito Santo, que anima a Igreja desde a ressurreição de Cristo. O resultado é somente a alegria. Neste final desta segunda Carta aos Coríntios (cf. 2Cor 13,11-13) o Apóstolo Paulo condensa toda a sua teologia. O mistério da Santíssima Trindade não está longe. Estamos envolvidos nele.


Em nossa vida cotidiana, às vezes sombria, às vezes trágica ou muito complicada, em que devemos cuidar de mil coisas que nos pressionam de toda parte, a luz de Deus é o amor. Devemos voltar-nos para esta luz se não nos quisermos desviar do verdadeiro fim de nossa existência. Gostaríamos de poder dizer: “Aqui está Deus; Deus é assim...”. Mas não é possível. O próprio Deus sai dos quadros e das imagens e se oculta naqueles que precisam de nós, e diz: “Aqui estou!”. Esconde-se nos pequeninos da terra e diz: “Buscai-me aqui!” Quem quer viver com Deus não se encontra diante de uma conclusão, mas sempre diante de um início, novo como cada novo dia.


A proposta de Deus nasce de amor, explicita-se na encarnação e morte de Jesus, e tem por finalidade dar a todos a vida eterna. O homem e a mulher, em resposta ao chamado de Deus, consiste em aceitar ou não aceitar a missão de Jesus, o Filho. Aceitar ou não exige uma decisão pessoal, de adesão ao Evangelho da libertação e da vida nova. Jesus garantiu que o Espírito Santo nos ajudaria a conhecer a Verdade e a discernir as coisas. A decisão passa pela adesão ao Cristo Ressuscitado, o Redentor e Salvador, através de uma adesão misteriosa e amorosa de docilidade ao Reino e ao Seguimento do Cristo.
Deus uno e trino que é indivisível. Indivisível, mas amoroso e generoso na comunhão amorosa e eterna com a Trindade, devemos construir uma vida do amor, com amor e para amar, como Cristo nos amou e amou a sua Igreja. Sim, a solenidade da Santíssima Trindade, nos convida a buscar e viver a integração da unidade na pluralidade em todos os sentidos.
Que a Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo acompanhe sempre as nossas vidas e nos ajude a fazer a experiência amorosa de Deus. Vem Trindade Santa, caminha conosco e nos dê a sua paz! Amém!

Padre Wagner Augusto Portugal.
Vigário Judicial da Diocese da Campanha(MG)







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