2011-06-15 16:42:47

Patriarca de Lisboa pede trabalho conjunto do novo governo, da oposição e da sociedade civil


(15/6/2011) O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Policarpo, afirmou hoje em Fátima que o novo governo e a sociedade civil devem colaborar num momento delicado para Portugal.
“O futuro governo, seja ele qual for, não vai poder levar a ‘carta a Garcia’, levar as coisas a bom porto sem uma colaboração muito expressa da sociedade”, disse.
Em conferência de imprensa, após a divulgação de um comunicado do Conselho Permanente da CEP sobre a situação portuguesa, o cardeal-patriarca de Lisboa criticou as “convulsões sociais e posições absolutamente contrárias, que parecem de antissociedade” que estão a acontecer na Grécia, “um exemplo a evitar”.
Num momento em que o país espera pela formação de um novo executivo, após as legislativas de 5 de junho, o patriarca de Lisboa declarou que “governar Portugal não é apenas uma tarefa dos partidos que vão formar governo”, mas também dos partidos da oposição, que chamou a assumirem “as suas responsabilidades”.
O cardeal José Policarpo deixou, por isso, um “apelo muito forte a todos os portugueses que queiram dar prioridade ao bem de Portugal”.
“Este momento que Portugal atravessa gostava que não o considerássemos só como uma desgraça temporária que vamos resolver”, advertiu, convidando a “rever para melhor toda a estrutura da sociedade”.
José Policarpo deixou algumas críticas às lideranças europeias, considerando que existiu um “enfraquecimento da cultura, da compreensão do homem” quem impediu de compreender a atual crise como “o início, o sintoma de grandes transformações na própria organização da sociedade”.
Em resposta aos jornalistas, o cardeal-patriarca deixou referências a vários setores - educação, cultura, justiça - que “não podem esperar” por uma melhoria das condições económicas.
O memorando assinado com a ‘troika’ (Banco Central Europeu, Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional) deve ser cumprido “o mais rapidamente possível”, segundo o presidente da CEP, para que o país recupere a sua “dignidade” e a sua “autonomia”.
Neste sentido, foi feito um apelo a uma “tomada de consciência coletiva” para superar soluções pragmáticas que podem ser “frágeis”.
Repetindo o pedido de “realismo” feito pelo documento hoje divulgado, o presidente da CEP referiu que todos, “desde associações laborais às patronais”, devem ter “uma visão para cumprir aquilo que é importante para Portugal readquirir a sua autonomia e a sua credibilidade”.
“Estou preocupado com o destino da UE, com a civilização ocidental, a relação das economias emergentes com a velha Europa”, admitiu o patriarca de Lisboa.
O cardeal destacou que “a Igreja como realidade da sociedade civil é uma das que melhor pode contribuir para o espírito necessário para a comunidade e que não é necessariamente de uma dimensão religiosa”.
A Igreja Católica, acrescentou, tem “uma doutrina sobre o homem e a sociedade que pode inspirar opções políticas concretas”.
Sobre a situação das instituições eclesiais de solidariedade, perante a crise, D. José Policarpo observou que “neste momento já há ruturas, até porque há pessoas que pedem o inevitável e outras que pedem porque lhes dá jeito”.
“Eu posso não ter dinheiro para dar a uma pessoa tudo o que ela precisa, mas posso ajudá-la a resistir, a reagir”, disse D. José Policarpo, antes de frisar que “a Igreja não tem os meios institucionais do Estado”.

(Em Ecclesia)








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