Juiz de Fora, 11 jun (RV) - No próximo domingo celebraremos a festa de PENTECOSTES.
Por isso somos convidados a recordar o grande Dom do Espírito Santo e o encerramento
do festivo e glorioso tempo Pascal.
Os judeus já comemoravam a festa de Pentecostes.
Era uma festa eminentemente agrícola celebrada cinqüenta dias após a Páscoa. Nos primórdios
era em ação de graças pelas colheitas. Posteriormente os judeus começaram a celebrar
em Pentecostes a Aliança, como dom da Lei no Sinai e a constituição do Povo Santo
de Deus. Para nós cristãos Pentecostes quer significar o Espírito de Deus, que vem
habitar em nosso meio, como Nova e Eterna Aliança, na constituição do novo Povo de
Deus. Assim, os apóstolos estão reunidos, trancados numa casa quando o fogo do Espírito
se reparte em forma de línguas sobre cada um deles. E eles saem do cenáculo e, em
praça pública começam a falar do Cristo ressuscitado, com grande entusiasmo e sabedoria.
É a primeira e grande manifestação missionária da Igreja. E seus missionários são
os doze apóstolos. E o povo espantado se questiona: "Como os escutamos na nossa língua?"
Por obra do Espírito Santo, todos falam uma língua que todos compreendem e que une
a todos: a linguagem do amor. Por isso São Lucas apresenta a Igreja como Comunidade
que nasce de Jesus, que é animada pelo Espírito e que é chamada a testemunhar aos
homens o projeto libertador do Pai.
O Evangelho que será lido nesta Solenidade
é o de São João que colocou o Dom do Espírito Santo no dia da Páscoa. (Jo 20,19-23)
Os Sinais externos: "anoitecer", "portas fechadas", "medo" - revelam a situação de
uma Comunidade desamparada, desorientada e insegura. Jesus aparece "no meio deles"
e lhes deseja a "PAZ". Confia a Missão: "Como o Pai me enviou, eu VOS ENVIO". "Soprou"
sobre eles e falou: "Recebei o ESPÍRITO SANTO".
Nessa perspectiva, Páscoa
e Pentecostes são partes do mesmo acontecimento. A preocupação dos evangelistas não
foi escrever uma crônica histórica, mas uma catequese sobre o Mistério Pascal e a
Igreja. Afirmam a mesma coisa, expressando-se numa linguagem diferente.
O
Papa Bento XVI disse que “O Espírito Santo, ao contrário, torna os corações capazes
de compreender as línguas de todos, porque restabelece a ponte da comunicação autêntica
entre a Terra e o Céu. O Espírito Santo é Amor. Mas como entrar no mistério do Espírito
Santo, como compreender o segredo do Amor? A página evangélica conduz-nos hoje ao
Cenáculo onde, tendo terminado a última Ceia, um sentido de desorientação entristece
os Apóstolos. A razão é que as palavras de Jesus suscitam interrogativos preocupantes:
Ele fala do ódio do mundo para com Ele e para com os seus, fala de uma sua misteriosa
partida e há muitas outras coisas ainda para dizer, mas no momento os Apóstolos não
são capazes de carregar o seu peso (cf. Jo 16, 12). Para os confortar explica o significado
do seu afastamento: irá mas voltará; entretanto não os abandonará, não os deixará
órfãos. Enviará o Consolador, o Espírito do Pai, e será o Espírito que dará a conhecer
que a obra de Cristo é obra de amor: amor d'Ele que se ofereceu, amor do Pai que o
concedeu. É este o mistério do Pentecostes: o Espírito Santo ilumina o espírito humano
e, revelando Cristo crucificado e ressuscitado, indica o caminho para se tornar mais
semelhantes a Ele, isto é, ser "expressão e instrumento do amor que d'Ele promana"
(Deus caritas est 33). Reunida com Maria, como na sua origem, a Igreja hoje reza:
"Veni Sancte Spiritus! Vem, Espírito Santo, enche os corações dos teus fiéis e acende
neles o fogo do teu amor!"
O grande Pentecostes continua a acontecer na Igreja.
Não só na recepção do Sacramento da Crisma, quando recebemos a plenitude do Espírito
Santo para cumprir a nossa missão de discípulos-missionários. O cristão é um enviado:
“Como o Pai me enviou, eu também vos envio". Para viver e contagiar a PAZ. É um dom
precioso e ausente muitas vezes no mundo. Cristo e seu Espírito são fontes de paz
para que o mundo creia. Para experimentar o PERDÃO e a MISERICÓRDIA. O perdão e a
misericórdia são as atitudes da Igreja diante do mundo. Para ser construtores da COMUNIDADE.
O Espírito de Deus foi derramado em cada um para conseguir a unidade de todos
no amor. O Pentecostes, para nós, é a plenitude da Páscoa. É o nascimento da Igreja
com a missão de dar continuidade à obra de Cristo através dos tempos, em meio à diversidade
dos povos. Por isso nesta grande festa somos chamados a nos enamorar pelo Amor verdadeiro,
aquele que o Espírito sopra sobre nós.
Vinde Espírito Santo! Que o Espírito
do Senhor Repouse sobre nós e nos ajude a sermos discípulos-missionários! Amém!
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Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG)