Combater o crescimento que não gera emprego, para dar de novo esperança aos jovens
(10/6/2011) É preciso combater o crescimento que não gera emprego, para dar novamente
esperança aos jovens e credibilidade aos governos dos Estados. Foi o que salientou
o Observador Permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas em Genebra, na Suíça,
Dom Silvano Maria Tomasi, na sua intervenção nos trabalhos da 100ª Conferência da
Organização Internacional do Trabalho (OIT). Se por um lado os países desenvolvidos
"estão lentamente a emergir" de uma crise financeira sem precedentes, com consequências
"evidentes em todos os setores das sociedades", por outro, as "antigas fórmulas para
a recuperação e o crescimento económico mostram-se menos certas num ambiente económico
integrado num nível global, onde os governos na maior parte dos casos não foram capazes
de encontrar um remédio "que restitua trabalho e inclua novas oportunidades de emprego"
para milhões de pessoas que procuram um emprego – observou Dom Tomasi. De modo
que, embora a máxima parte dos indicadores macroeconômicos pareça ter recuperado os
níveis anteriores à crise, o mercado do trabalho ainda sofre: "a taxa de desemprego
permanece elevada e não dá sinais de retomada a curto prazo, e a longo prazo as previsões
são variáveis". O representante da Santa Sé observou que "a economia mundial, mesmo
crescendo a um nível estável, não é capaz de criar um número suficiente de postos
de trabalho". E "isso é verdade não só para as economias avançadas, mas também para
os mercados emergentes, como a China e a Índia, onde a flexibilidade do trabalho é
extremamente baixa", apesar da sua taxa de crescimento superar 10%". Então, "devemos
dar o melhor de nós para evitar esse cenário" de crescimento sem geração de emprego
– exortou o Arcebispo. Entre os mais atingidos em cada país estão os jovens: 78 milhões
sem trabalho, entre os 15 e 24 anos, em 2010, uma taxa que é 2,6% mais alta em relação
aos adultos. Outra categoria frágil no mercado de trabalho continua a ser a das
mulheres – prosseguiu o prelado. Nos países mais industrializados da OCSE (Organização
para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico ) a taxa de emprego feminino é 20%
inferior à dos homens, com pontas de 30% na Itália e no Japão; igualmente, os salários
das mulheres são inferiores em 20/30%.
ainda encontram-se os trabalhadores
domésticos, geralmente trabalhadores migrantes, em grande aumento por causa das novas
exigências de organização social, mas que em muitos países vivem em condições miseráveis
de exclusão, desprovidos de qualquer proteção sindical e de previdência social. Daí,
a esperança expressa por Dom Tomasi de que nesta 100ª conferência da OIT seja aprovada
uma Convenção ad hoc sobre o trabalho doméstico. A concluir o representante da
Santa Sé fez votos de que seja reafirmada a importância de uma governação baseada
no princípio de subsidiariedade e de representação tripartida (trabalhadores, empreendedores
e governos).