Bispos da África Ocidental criticam ditaduras e pedem respeito absoluto pela democracia
(10/6/2011) Os bispos da África Ocidental francófona condenaram esta quinta-feira
“duramente e sem reservas” todas as “ditaduras e imperialismos” existentes na região,
que têm motivado confrontos sangrentos em países como a Costa do Marfim e a Líbia.
“Desaprovamos
completamente os chefes de Estado africanos que se estabelecem como presidentes por
toda a vida, e muitas vezes organizam eleições fraudulentas para permanecerem no poder”
pode ler-se num comunicado da Conferência Episcopal Regional da África Ocidental (CERAO). Os
prelados mostram-se ainda a favor do “respeito absoluto das leis democráticas e pela
vontade do povo, que se expressa através das eleições”. Na Costa do Marfim, a recusa
do presidente Laurent Gbagbo em sair do poder, depois de ter sido derrotado nas eleições
de novembro último, provocou uma guerra civil que tirou a vida a mais de 3 mil pessoas. Com
o apoio das Nações Unidas (ONU) e da França, foi nomeado entretanto um governo provisório,
liderado por Alassane Ouattara, que vai orientar os destinos do país até às próximas
eleições legislativas, marcadas para o final deste ano. Apesar desta mudança política,
a onda de violência ainda não estancou completamente, já que ainda hoje foram denunciados
ataques efetuados por forças militares, leais ao novo presidente, contra várias aldeias
no sul do país. A CERAO pede por isso que seja verificada a legalidade das intervenções
externas ocorridas na Costa do Marfim, denunciando-as como um atentado grave ao direito
da nação costa-marfinense. “É evidente que egoísmos coletivos podem assumir a forma
de proteção humanitária das populações, para destruir símbolos da dignidade e da soberania
dessas mesmas populações” avisam os bispos, apelando à formação de uma liderança mundial
de alta intensidade ética”, diante de situações como as que se verificaram naquele
país. Estes responsáveis dirigem ainda um pedido a todos os responsáveis religiosos,
para que trabalhem em favor da reconciliação, da paz e da justiça entre os povos. “Como
disse o Papa Bento XVI, a violência e o ódio são sempre uma derrota e constroem um
caminho sem futuro”, concluem.