PAQUISTÃO: AUMENTA A VIOLÊNCIA CONTRA MINORIAS RELIGIOSAS
Roma, 07 jun (RV) - No Paquistão, tem se registrado um aumento constante da
violência contra as minorias religiosas e os cristãos “são as primeiras vítimas das
perseguições”: é uma questão que o governo deve enfrentar para garantir a liberdade,
a democracia e o estado de direito. É o que afiram um novo relatório intitulado “Uma
questão de fé”, publicado nos últimos dias pelo “Jinnah Institute”, um prestigioso
centro de pesquisa e análise do Paquistão, inspirado nos princípios do fundador do
país, Mohammed Ali Jinnah.
O Centro de Estudos é hoje dirigido pelo parlamentar
muçulmano Sherry Rehman, do Partido Paquistão Popular, partido atualmente no poder
no país. O relatório considera crítica a condição e a liberdade das minorias religiosas
no país, e por isso apresenta ao governo 23 recomendações, que incluem: a abolição
da lei sobre a blasfêmia, ou pelo menos modificá-la substancialmente para evitar abusos;
aprovar novos artigos do Código Penal paquistanês para punir aqueles que incitam ao
ódio religioso ou à violência; remover a impunidade concedida aos líderes muçulmanos
que pregam nas mesquitas; reestruturar a polícia e o sistema judiciário.
O
relatório exorta o governo a rever o sistema de Tribunais islâmicos e instituir uma
nova autoridade independente, o “Special Ombudsman” (seguindo o modelo de defensor
dos direitos dos cidadãos existente em toda a União Europeia), que pode ser o ponto
de referência para a proteção das mulheres e das minorias. “Estamos totalmente de
acordo e estamos muito satisfeitos que uma instituição de tão grande prestígio, expressão
da inteligência muçulmana do país, evidencie esses problemas e fale sobre a perseguição
dos cristãos”, observa Padre Mario Rodrigues, diretor das Pontifícias Obras Missionárias
do Paquistão.
“Nós sabemos que Sherry Rehman arrisca sua vida porque se expõe
sobre questões tão sensíveis: nós a agradecemos e expressamos a nossa solidariedade.
Não creio, no entanto, que o governo pretenda enfrentar seriamente a questão da situação
das minorias religiosas. Mas este relatório nos dá esperança de que algo se mova na
opinião pública e na sociedade civil do Paquistão”.
O relatório denuncia a
situação grave de discriminação das minorias religiosas no Paquistão. A pesquisa se
baseia em entrevistas com 125 líderes da sociedade civil, organizações não-governamentais,
comunidades religiosas minoritárias, realizadas entre dezembro de 2010 e abril de
2011. (SP)