Karachi, 06 jun (RV) - O partido islâmico radical Jamiat Ulema-e-Islã entrou
com um recurso no Tribunal Supremo do Paquistão e lançou uma campanha de sensibilização
pedindo que se proíba a circulação da Bíblia, definida por eles, “livro pornográfico”
e “blasfemo”. É um novo ataque contra a comunidade cristã no Paquistão, que está com
medo por causa dos ataques e ameaças sofridos depois da morte de Bin Laden, amedrontada
pela lei da blasfêmia, que pune com a pena de morte aqueles que insultam o Alcorão
ou o Profeta Maomé.
O grupo radical Jamiat Ulema-e-Islam, que tem sede geral
em Karachi, lançou a campanha durante um encontro público. Segundo o líder do grupo,
Abdul Rauf Farooqi, alguns trechos da Bíblia descrevem como “imorais” alguns personagens
considerados profetas pelos muçulmanos.
“Esta ação pode alimentar o ódio religioso
contra os cristãos. É uma ameaça à convivência pacífica, um ataque ao coração de nossa
fé” – disse, desconcertado, Padre Saleh Diego, que preside a “Comissão Justiça e Paz”
na arquidiocese de Karachi. “Como cristãos, estamos já muito fragilizados e nos sentimos
submetidos a pressões pela iníqua lei da blasfêmia. Estes grupos radicais querem nos
cancelar completamente. Certo, são apenas grupos minoritários e auspiciamos que líderes
muçulmanos moderados levantem suas vozes para deter esta campanha de ódio” – destacou.
“Nossa resposta, como cristãos no Paquistão, não pode ser outra do que reiterar
a urgência do diálogo e do respeito de todos os símbolos religiosos e livros sagrados,
de todas as religiões. Esperamos que em nível internacional possa surgir uma resposta
mais forte e firme, que nos apóie” – concluiu Padre Diego, pedindo uma mobilização
dos cristãos e das instituições internacionais para deter a campanha contra a Bíblia.
(SP)