Concluída a viagem de Bento XVI á Croácia centrada na herança cristã do Velho Continente,
na defesa da família e na resistência católica a ideologias adversas
(6/6/2011) No fim da tarde deste domingo, Bento XVI concluiu uma visita de 33 horas
à Croácia, em que manifestou a sua preocupação pela defesa da herança e da mensagem
cristã na Europa, lembrando o exemplo de mártires como o beato Alojzije Stepinac (1898-1960). “A
oração junto do túmulo do Beato Cardeal Stepinac fez-nos recordar de modo especial
todos aqueles que sofreram, e sofrem também hoje, por causa da sua fé no Evangelho”,
indicou, diante de autoridades civis e religiosas. No discurso que devia proferir
no aeroporto internacional de Zagreb, sobre o qual se abateu uma forte chuvada que
além de atrasar a partida de regresso a Roma levou a que tal discurso não fosse proferido,
Bento XVI passava em revista os principais momentos da viagem, com a qual, segundo
o próprio, quis “confirmar na fé em Jesus Cristo, único Salvador, a Igreja peregrina
na Croácia”. “Unânime e sentida foi, na manhã a participação na santa missa por
ocasião da Jornada Nacional das Famílias. O encontro de ontem no Teatro Nacional permitiu-me
partilhar algumas reflexões com os representantes da sociedade civil e das comunidades
religiosas”, elencou. “Depois, durante a intensa vigília de oração, os jovens mostraram-me
o rosto luminoso da Croácia, voltado para o futuro, iluminado por uma fé viva, como
a chama de uma lâmpada preciosa, recebida dos pais e que requer ser guardada e alimentada
ao longo do caminho”, prosseguiu Bento XVI. O Papa considerou “motivo de alegria
constatar quão viva está ainda atualmente a antiga tradição cristã na Croácia. “Esta
vitalidade eclesial, que se há de manter e reforçar, não deixará de produzir os seus
efeitos positivos na sociedade inteira, graças à colaboração –que espero sempre serena
e profícua – entre a Igreja e as instituições públicas”, observou. Bento XVI deixava
votos de que “neste tempo, em que parecem faltar pontos firmes e fidedignos de referência,
possam os cristãos, todos «juntos em Cristo», pedra angular, continuar a ser como
que a alma da nação, ajudando-a a desenvolver-se e a progredir”. No primeiro dia
da visita, o Papa tinha pedido que a história croata e a sua integração na União Europeia,
seja “motivo de reflexão para todos os outros povos do Continente, ajudando cada um
deles, e a União inteira, a conservar e reanimar o património comum inestimável de
valores humanos e cristãos”. Nesse mesmo dia, falou num risco para “as grandes
conquistas da idade moderna, ou seja, o reconhecimento e a garantia da liberdade de
consciência, dos direitos humanos, da liberdade da ciência e, consequentemente, de
uma sociedade livre”, esperando que a Europa mantenha “a racionalidade e a liberdade
abertas ao seu fundamento transcendente, para evitar que tais conquistas se autodestruam,
como infelizmente temos de constatar em não poucos casos”. Já, durante a missa
dominical que decorreu no hipódromo de Zagreb, Bento XVI apelou a um combate católico
diante da “secularização” da Europa. “Infelizmente temos de constatar, sobretudo
na Europa, o aumento de uma secularização que leva a deixar Deus à margem da vida
e a uma crescente desagregação da família”, alertou, na homilia da celebração.