Cidade do Vaticano, 1º mai (RV) - No encontro nesta manhã na Praça São Pedro
com milhares de fiéis, Bento XVI prosseguiu sua reflexão sobre a oração, citando o
exemplo de Moisés.
Segundo a Escritura, ele falava com Deus como quem fala
com um amigo. Em um dos encontros descritos na Bíblia, Moisés sobe ao Monte Sinai
e recebe as tábuas da lei; faz quarenta dias de jejum para significar que a vida vem
de Deus e que ele espera no dom da lei, um sinal de sua aliança.
A certo ponto,
o Senhor lhe diz para descer a montanha porque as pessoas construíram um ídolo e caíram
na tentação constante do homem de construir um deus compreensível e manipulável. Cansado
de andar com um Deus invisível, o povo transgride.
Moisés não destaca nenhum
mérito do homem ou tenta justificar sua conduta, mas todo seu argumento se baseia
na honra de Deus: Deus não pode falhar em sua tentativa de salvar a humanidade, deve
permanecer fiel à sua promessa. Então Moisés toma o destino de seu povo e dá voz à
gratuidade do dom de Deus.
Moisés suplica em nome do povo pecador, se preocupa
com o seu sofrimento. Sua oração de intercessão é totalmente centrada na fidelidade
e na graça do Senhor.
Moisés nos mostrou o caminho da oração, que encontra
sua perfeita realização no Senhor Jesus, o intercessor por excelência. Para ele, o
nosso pecado é perdoado e a vida nos é dada plenamente e para sempre. Nele, a misericórdia
de Deus se manifestou ao mundo e nos tornamos filhos do Altíssimo.
Em português,
Bento XVI deu a seguinte explicação:
“Enquanto
o Senhor, no cimo do monte Sinai, dava a Moisés os Dez Mandamentos, ao pé do monte
o povo de Israel já estava a transgredi-los, fabricando um vitelo de ouro e prostrando-se
diante dele. Por isso Deus reage e manda Moisés descer do monte, dizendo: «Deixa que
a minha ira se inflame contra eles e os destrua! De ti farei uma grande nação». Dizia-lhe
isto, na esperança que Moisés intercedesse. É que a punição e a destruição, em que
se exprime a cólera de Deus como rejeição do mal, indicam a gravidade do pecado cometido,
enquanto a prece do intercessor pretende manifestar a vontade de perdão de Deus. A
súplica de Moisés está inteiramente centrada na fidelidade e misericórdia do Senhor.
Mediador de vida, Moisés solidariza-se com o povo; desejoso apenas da salvação que
também Deus deseja, renuncia completamente à perspectiva que lhe era oferecida de
se tornar, ele mesmo, pai de um povo agradável ao Senhor”.
Na sequência,
o papa fez uma breve saudação:
“Amados
peregrinos de língua portuguesa, a minha saudação amiga para todos, com menção especial
das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição em festa pela recente
beatificação da sua Madre Fundadora. Esta queria ver-vos todas unidas num mesmo e
único pensamento: Deus. No pensamento e serviço de cada uma, o hóspede seja Deus;
e, com Ele, a vossa vida não poderá deixar de ser feliz.. Sobre vós, vossas comunidades
e famílias desça a minha Bênção”.