MILITARES SERÃO PROCESSADOS POR MASSACRE DE JESUÍTAS
Madri, 1º mai (RV) – O Tribunal Nacional da Espanha decidiu ontem processar
os 20 militares salvadorenhos apontados como responsáveis pela morte de seis sacerdotes
jesuítas em El Salvador em 1989. O episódio, um dos mais marcantes dos 12 anos da
sangrenta guerra civil no país, ficou conhecido como “o massacre da Uca”.
O
juiz Eloy Velasco ordenou a busca e prisão internacional para 19 dos acusados. Um
deles já está preso pelos crimes de assassinato terrorista (crime de Estado) e crime
contra a humanidade no caso dos sacerdotes, cinco deles espanhóis e um salvadorenho.
O crime cometido contra os sacerdotes, um deles reitor da famosa Universidade
Centro-Americana (UCA), é um dos mais emblemáticos do conflito armado em El Salvador,
que viu o grupo de guerrilha de esquerda Frente Farabundo Martí para a Libertação
Nacional (FMLN) enfrentar o Exército Salvadorenho.
Os sacerdotes Ignacio Ellacuría,
Armando López, Ignacio Martín Baró, Juan Ramón Moreno, Segundo Montes e Joaquín López
y López, este último de El Savador, foram acusados pelo governo direitista da época
de proteger os guerrilheiros da FMLN.
A responsabilidade deste caso foi colocada
sobre o coronel Guillermo Benavides, que foi preso com outro coronel em 1992, Yusshy
Mendoza. Ainda assim, os dois foram libertados pouco mais de um ano depois, beneficiados
por uma lei de anistia.
Junto com os sacerdotes foram assassinadas duas mulheres
que faziam trabalhos domésticos na residência dos jesuítas.
A ação na Espanha
foi perpetrada em 2009 pela Associação Pró-Direitos Humanos da Espanha e pelo Centro
de Justiça e Responsabilidade em nome de Alicia Martín Baró, carmelita e irmã de um
dos sacerdotes.
Para o diretor da radio Ysuca, Carlos Ayala Ramírez, a punição
dos culpados é importante para que El Salvador encontre a paz e a justiça. “O espírito
que anima esta iniciativa não é voltar ao passado mais ou menos imediato com sede
de vingança, senão com sede de justiça que não exclui o perdão” - opinou.
Em
coletiva de imprensa, o reitor da UCA, Pe. Andreu Oliva, insistiu que os autores intelectuais
sejam encontrados e disse que os jesuítas estariam dispostos a perdoá-los, caso reconheçam
sua culpa. (CM)