Dushanbe, 31 mai (RV) - Cada vez mais, crianças órfãs e meninos de rua tadjiques
são alvo de grupos extremistas islâmicos que os recrutam para educá-los segundo ideologias
radicais e para transformá-los em modernos terroristas. É a denúncia enviada à Agência
Fides por Organizações não-governamentais que atuam in loco, engajadas na recuperação
e na assistência à infância.
Segundo dados oficiais, no Tadjiquistão, cerca
35% da população total (de mais de 7 milhões de habitantes) tem menos de 14 anos.
As ONGs informam que neste país, mais de 9 mil crianças e jovens vivem nas ruas, 5
mil dos quais na capital Dushanbe, sujeitos a violência, doenças, prostituição, tráfico
de drogas e criminalidade. Soma-se, atualmente, um novo e sério risco para as crianças
tadjiques: estariam na mira de grupos extremistas islâmicos que vêem nelas um fácil
alvo.
As estruturas de acolhimento promovidas pelo governo não são suficientes,
e as para as ONGs e comunidades religiosas cristãs, o trabalho é imenso. Em 2003,
a Igreja Católica (que possui no país uma pequena "Missio sui iuris") abriu em Dushanbe
um centro e um refeitório para crianças de rua, e tenta contribuir para seu crescimento
e instrução.
Uma vez maiores de idade, os jovens seguidos pelas estruturas
públicas retornam às ruas, pois perdem todos os direitos de assistência social pública.
Sua condição juvenil de indigência se transforma em espaço no qual se multiplicam
– muitas vezes com sucesso – convites de grupos terroristas que prometem aos jovens
uma vida melhor, riquezas e bem-estar, e lhes oferecem motivações morais para “se
dedicarem a uma causa”. Para tentar limitar este fenômeno, o governo tadjique lançou
um programa de prevenção baseado na formação profissional dos jovens.
A população
do Tadjiquistão – um dos países mais pobres da União Soviética – é formada em 95%
por muçulmanos. Segundo os observadores, é justamente ali que o extremismo islâmico
está se reorganizando: o vale Rasht, a cerca de 200 km da capital e pouco distante
do confim afegão, é uma região remota do Tadjiquistão oriental dominada por montanhas
de mais de 7 mil metros, considerada “área” dos grupos radicais islâmicos. (SP)