Moscou, 31 mia (RV) - A decisão, tomada na semana passada pelo Supremo Tribunal
russo de fechar o Centro Islâmico ligado ao Conselho de Muftis, presente com sedes
em todo o país, provocou diversas polêmicas. A motivação oficial avançada pelo Tribunal,
relatada pela agência AsiaNews, refere-se a irregularidades administrativas, mas segundo
alguns estaria ligada ao desejo do Kremlin de colocar a vasta comunidade muçulmana
do país sob o controle de um único sujeito fiel ao Estado.
“Trata-se de uma
ordem burocrática de pessoas que querem fantoches como representantes dos muçulmanos”,
foi o comentário amargo do fundador do Centro, Abdul-Wahid Niyazov, que denunciou
também a pressão do Serviço de Segurança russo. Abdul disse ainda que irá levar o
caso ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, em Estrasburgo.
O fechamento
do Centro, no entanto, foi bem acolhido pelo "rival" “Muftitato” de toda a Rússia,
cujo presidente, Mukhammedgali Khuzin disse que a estrutura, que abrigava exposições,
coletivas de imprensa e seminários, era prejudicial para a comunidade e para diálogo
inter-religioso.
O jornalista russo, especialista em religião, Alexander Soldatov,
declarou entre as razões de não apreço do Centro por parte do Kremlin, estaria a organização
em novembro passado, por ocasião da festa de Eid al-Adha, de uma oração em massa na
mesquita central de Moscou. Além disso, o Centro era o maior promotor da construção
de novas mesquitas na capital, onde há quatro, hipótese rejeitada depois dos confrontos
entre muçulmanos caucasianos e russos cristãos em dezembro passado. (SP)