PUBLICAÇÃO DEFENDE LINGUAGEM COMUM ENTRE CIÊNCIA, FILOSOFIA E TEOLOGIA
Cidade do Vaticano, 30 maio (RV) – Um passo importante em direção à fundação
de uma linguagem comum entre ciência, filosofia e teologia, que permita a superação
dos conflitos do passado e o incentivo à futura pesquisa em todas as áreas. Esse é
o resultado de uma Conferência realizada pela Pontifícia Universidade Gregoriana em
2009, publicado recentemente, e apresentado nessa mesma instituição.
A Conferência
intitula-se “Evolução Biológica: fatos e teoria. Uma visão crítica a 150 anos da Origem
das Espécies” em referência à teoria da evolução do naturalista inglês Charles Darwin,
uma das mais importantes da história da ciência, na qual é construída a base da biologia
moderna. A primeira edição data de 1859 e a última (e sexta) de 1872.
A Conferência
e a publicação dos resultados dos trabalhos contam com o apoio do Pontifício Conselho
da Cultura, cujo presidente, Cardeal Gianfranco Ravasi, disse que “a Igreja nunca
condenou Charles Darwin, nem a sua teoria da evolução. Contudo, muitas pessoas ainda
pensam o contrário”.
São mais de 700 páginas que trazem os estudos e conclusões
resultantes do Encontro de 2009 sobre a evolução biológica. “É preciso promover a
cultura - disse o purpurado – para chegar-se àquela visão unitária e orgânica do saber
que auspiciava João Paulo II na Encíclica Fides et Ratio.”
No prefácio dessa
publicação, os curadores – professores da área – evidenciam o quão ilusório é o conflito
entre ciência e teologia, idéia que, nessa publicação, fica clara. O texto procura
demonstrar como, na prática, as duas disciplinas – com a mediação da filosofia – podem
se enriquecer se trabalharem juntas, respeitando a distinção das respectivas metodologias
e mantendo cada qual a sua autonomia.
Ainda na apresentação do volume, professores
de filosofia das ciências da Pontifícia Universidade Gregoriana comentam os motivos
pelos quais a Igreja Católica deve aprofundar sua consciência científica para não
cair em uma marginalização cultural.
“A consciência científica não é simplesmente
uma consciência de série B, mas sim uma consciência da verdade, no sentido mais pleno
dessa palavra. (...) Filosofia sem ciência corre risco de escorregar para o estetismo
do relativismo”, cita o texto. “Subestimar o que a ciência tem para nos dizer sobre
o nosso universo seria um grave erro”. (ED)