Rio de Janeiro, 29 mai (RV) - Dentro do belo e entusiasmante tempo da Páscoa,
a liturgia da Igreja tem nos feito vislumbrar os umbrais de Pentecostes. Preparamo-nos
para a bonita e profunda celebração da vinda do Espírito Santo. A liturgia deste domingo
nos introduz na certeza de uma presença permanente em nossas vidas. Neste final de
semana de Simpósio e Peregrinação das famílias a Aparecida, da inauguração da réplica
da Capela das Aparições de Fátima e da festa de Nossa Senhora da Penha olhemos a bem-aventurada
Maria que acreditou e deixou-se conduzir pelo Espírito Santo.
Em nossas tradições
católicas estamos também para iniciar a novena em preparação à Solenidade de Pentecostes
culminando com a Vigília da Festa e atualizando em nossas vidas e atitudes esse grande
Dom de Deus que é o Espírito Santo derramado em nossos corações. Nós não estamos
sozinhos, o Senhor repete isso de várias maneiras. A memória de suas palavras nos
conforta, como também a experiência viva da fé que não abandona aqueles que examinam
cuidadosamente as Escrituras, nem aqueles que vivem suas vidas diárias com coração
generoso e acolhedor. Se medirmos as nossas forças, percebemos que somos fracos e
necessitados, mas se nós reconhecemos do que fomos feitos, aquela Palavra entra em
nós como Espírito vivificante, prometido para preencher nossas lacunas, para ampliar
nossos horizontes e fortalecer os muros dos nossos corações estremecidos pelo medo...
Se hospedarmos o Espírito, nós cultivaremos com ele a esperança da qual podemos
ter razão com a alegria e a segurança dos filhos de Deus. "Caríssimos, adorai ao Senhor
Jesus Cristo em vossos corações, sempre prontos para responder a quem lhes perguntar
o motivo da esperança que há em vós.” A vida testemunhada também pelas motivações
e aprofundamentos de nossa fé . Pedro, chamado pelo Senhor Jesus e enviado
a confirmar os seus irmãos e guiar a Igreja de ontem e de hoje, convida-nos a todos
à doçura, ao respeito, à retidão que faz discernir a vontade de Deus. É um caminho
em direção à nossa verdadeira identidade mais profunda, que não teme ameaças externas
e que é reforçada na adversidade. É então que podemos atestar a força do Espírito
Santo que age em nós; somente com esta disponibilidade se pode superar aquilo que
sacode as águas e tira a estabilidade do nosso barco. Mudança de rumo é perigoso,
arriscamos não encontrar aquele que nunca deixou de nos dar indicações claras e inequívocas
para alcançar a meta, para nos mostrar o caminho mais simples e direto, aquele que,
talvez, por natureza, nunca teríamos escolhido.
"Quem me ama será amado por
meu Pai e eu o amarei e me manifestarei a ele”. Será possível que alguém se atemorize
com um convite para amar e ser amado? "Vinde e vede as obras de Deus, em suas maravilhas
no meio dos homens! Vinde escutar, vós todos que temeis a Deus e narrarei o que ele
fez por mim." Este é o nosso compromisso como cristãos, pequenos espelhos que refletem
os raios de luz em um mundo envolto em trevas.
O apóstolo Pedro, entusiasmado
pelo Senhor, nos faz um convite de uma beleza surpreendente. Um apelo urgente: aquele
de adorar o Senhor na interioridade, nas profundezas do coração. Um convite que se
desdobra nesta outra solicitação: aquela de estar sempre pronto para dar expressão
convincente da própria fé com esperança. O autor sagrado também não deixa de ensinar
o modo como este testemunho deve ser feito. É hoje uma recomendação ainda mais relevante
do que nunca.
Acolhendo a presença do Espírito Santo prometido, e aprofundando
a nossa vida de fé para dar as razões de nossa esperança poderemos, como os apóstolos,
ver as maravilhas da evangelização e dos sinais pela pregação proclamada. Não é à
toa que Pedro nos diz, antes de tudo: Adorai a Cristo em vossos corações. A fé está
em ti. A fé é uma Pessoa. É preciso que façamos o encontro pessoal com Ele, caminho,
verdade e vida, Espírito que nos convida a contemplar a Verdade da fé.
† Orani
João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro,
RJ