"Deus nunca abandona": Bento XVI, a propósito de uma composição de Liszt sobre o Salmo
13, no final de um concerto, no Vaticano
Nesta sexta
à tarde teve lugar, no Vaticano, na sala Paulo VI, um concerto oferecido a Bento XVI
pelo presidente da Hungria, Pál Schmitt, por ocasião da presidência de turno do país
no Conselho da União Europeia e também pelos 200 anos do nascimento do compositor
húngaro Ferenc Liszt. Atuou a Orquestra Filarmónica Nacional da Hungria, o Coro Nacional
Húngaro e o tenor István Horváth, sob a direção do maestro Zoltan Kocsis. Presentes
também vários membros do governo de Budapeste, nomeadamente o primeiro-ministro Viktor
Orban. “Um artista verdadeiramente europeu, um dos maiores pianistas de todos
os tempos”: foi assim que Bento XVI definiu Liszt, intervindo no final do concerto,
“um momento (disse) em que o coração foi convidado a elevar-se à altura de Deus”.
O programa incluía nomeadamente uma Marcha festiva para o aniversário do nascimento
de Goethe, uma Ave Maria, e uma versão do Salmo 13. Um Salmo em que o orante
se encontra em dificuldade, assediado pelo inimigo, com a sensação de estar abandonado
por Deus. “Até quando, Senhor?!” – pergunta com insistência o salmista.
“É
o grito do homem e da humanidade que sente o peso do mal que há no mundo. E a música
de Liszt transmitiu-nos este sentimento de peso, de angústia. Mas Deus não abandona.
Sabe-o o salmista, sabe-o também Liszt, como homem de fé que era. Da angústia nasce
uma súplica plena de confiança que desabrocha na alegria. E aqui – fez notar
o Papa - a música de Liszt transforma-se num hino de plena abandono nas mãos de Deus,
que nunca atraiçoa, nunca se esquece, nunca nos deixa sós”.