Campanha, 25 mai (RV) - Católicos e todos os brasileiros de boa vontade, todos
estão de acordo sobre a vida heróica da grande e generosa religiosa brasileira Irmã
Dulce. O anjo bom da Bahia dedicou a sua vida aos pobres e excluídos, oferecendo-lhes
todas as suas forças e amor. A admiração e o entusiasmo por ele romperam os limites
geográficos da Bahia, espalhando-se pelo território brasileiro e pelo mundo até chegar
a Roma.
Assim, a Congregação Vaticana das Causas dos Santos, reconhecendo sua
coragem e virtuosidade, deu parecer favorável para que fosse declarada venerável:
“A sua vida foi uma confissão do primado de Deus e da grandeza do homem filho de Deus,
até mesmo onde a imagem divina parece obscurecida, degradada e humilhada” (Congregação
das Causas dos Santos).
Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes era o nome completo
de Irmã Dulce. Ela nasceu em Salvador (BA), aos 26 de maio de 1914. Por volta dos
13 anos, Maria Rita já visitava áreas carentes, acompanhada por tia Madalena, irmã
de sua mãe Dulce, que havia falecido. Iam aos casebres da Baixa dos Sapateiros, conhecendo
de perto a pobreza, o drama dos pais de família sem emprego e as crianças abandonadas.
Aos 15 anos, confidenciou à tia que desejava entrar para a Ordem Terceira de São Francisco,
suja espiritualidade era voltada aos pobres. Os mais humildes a procuravam cada vez
mais e em maior número, em sua casa. No dia 8 de fevereiro de 1933, trocou a Ordem
Terceira de São Francisco pelo postulantado do Convento do Carmo (São Cristóvão, SE).
Em 15 de agosto de 1934, fez seus votos perpétuos e trocou seu nome para Dulce, em
homenagem à sua dedicada, virtuosa e falecida mãe que lhe transmitiu tantos exemplos
de virtude apostólica.
Irmã Dulce depositava grande confiança na Divina Providência.
Colocava nas mãos do Pai do Céu todas as suas preocupações por intermédio de Santo
Antônio de Lisboa, por quem tinha enorme devoção.
Pela oração, obtinha de Deus
as graças necessárias para fazer o bem, sem reservas, aos irmãos sofredores. Impregnada
de tal espírito de fé, buscou ajuda para montar um ambulatório: um barraco feito de
latão sem nenhum conforto. Porém, pensava grande. Irmã Dulce não tinha vergonha de
pedir apoio a todos: negociantes, dirigentes, políticos, empresários que pudessem
ajudá-la. Admirada e seguida desde o Presidente da República até o mais humilde dos
que precisavam de seu patrocínio.
Com o aumento das pessoas que a procuravam
e não podendo mais atender a todos no pequeno ambulatório, Irmã Dulce retornou ao
convento e, enquanto caminhava pelo pátio, passou por um terreno repleto de galinhas
e teve uma idéia. Após conversar com a sua legítima Superiora, ocupou o espaço e começou
a atender ali cerca de setenta pacientes.
Foi esse o começo humilde do hoje
magnífico Hospital Santo Antônio, um hospital de grande porte, com mais de mil leitos,
centro de um complexo médico, social e educacional para os pobres, apreciado e reconhecido
até internacionalmente.
O trabalho de Irmã Dulce foi pouco a pouco reconhecido
em todo o país. Morreu pouco antes de completar 78 anos, em 13 de março de 1992, após
ter ficado dezesseis meses presa ao leito por doença pulmonar, assistida de perto
pela solicitude pastoral de seu grande amigo, benfeitor o Eminentíssimo saudoso Cardeal
LUCAS MOREIRA NEVES, OP.
Irmã Dulce viveu intensamente as bem-aventuranças.
A ela bem se aplicam as promessas de Jesus dirigidas aos que têm coragem de segui-lo
de verdade: “Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem,
vos ultrajarem, e quando repelirem vosso nome como infame por causa do Filho do Homem!
Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu”(Lucas
6, 22-23).
Beata Dulce dos Pobres rogai por nós que recorremos a vós!
Padre
Wagner Augusto Portugal Vigário Judicial da Diocese da Campanha (MG)