PAPUA: REDE DE MULHERES DENUNCIA VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Jayapura, 23 maio (RV) – Abusos e agressões vividos pelas mulheres nativas
de Papua (província da Indonésia situada na porção oriental da ilha de Nova Guiné)
estão sendo denunciados pela “Rede de Direitos Humanos das Mulheres de Papua”. Trata-se
de uma rede local dedicada a defender os direitos humanos das mulheres e melhorar
as suas condições de vida.
A organização denuncia que “as mulheres aborígines
de Papua sofrem, há 40 anos, todos os tipos de abusos e violências, entre os quais
estupros, torturas e seqüestros por parte de militares indonésios empenhados na repressão
da rebelião dos nativos locais”. Essa rede é formada por essas próprias mulheres que
se organizaram para exigir seus direitos e fazer pressão sobre o governo para que
mude essa situação.
Essa rede de mulheres produziu um relatório intitulado
“Já é Demais”, o qual documenta as violências perpetradas contra as mulheres autóctones
entre 1963 e 2009. Esse relatório foi apresentado ao governo civil de Papua, pedindo-se
o fim das violências e das discriminações para com as mulheres da província.
Quando
a Indonésia proclamou sua independência, em 1945, Papua ficou sob o governo colonial
holandês, passando a fazer parte da Indonésia somente em 1962, após um referendum
sobre a escolha entre independência ou integração. No referendo, porém, votaram somente
mil homens escolhidos pelo exército indonésio e a adesão foi acolhida por unanimidade.
A presença militar ainda é muito forte em Papua, onde reprimem com muita força
todos os movimentos de independência dos quais são responsabilizadas e punidas especialmente
as populações nativas. (ED)