Montevidéu, 23 mai (RV) - O Prefeito da Congregação para os Bispos, Cardeal
Marc Ouellet, expressou sua preocupação pela perseguição contra os cristãos no mundo,
especialmente no Oriente Médio, pois “nunca houve tantos mártires cristãos”. “É assombrosa
a quantidade de religiosos, bispos, sacerdotes que são assassinados ao longo de seus
ministérios, isso é muito preocupante”, disse o Cardeal ao jornal uruguaio “El Pais”
neste fim de semana.
O prelado disse ainda que no Oriente Médio a situação
“é muito difícil. As condições de guerra fazem com que os cristãos fujam, e notamos
com muita preocupação que o Meio Oriente vai se esvaziando de cristãos. Isso não é
um progresso nem mesmo para a cultura local, o cristianismo é uma força de paz e esperança”,
afirmou.
O também Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL)
se expressou contra as guerras porque não ajudam às relações geopolíticas e a relação
entre o ocidente e o mundo islâmico.
“Qualquer guerra faz com que o mundo islâmico
satanize o ocidente como se fosse seu inimigo. As ações de terrorismo levam a identificar
uma religião com o terrorismo, a uma simplificação que deve ser evitada. A religião
muçulmana não é terrorista, é uma crença que implica uma relação positiva com Deus.
Evidentemente há fanáticos que se aproveitam da religião e fazem terrorismo em seu
nome, isso não é religioso, ao contrário é blasfema”, assinalou.
Nesse sentido,
o Cardeal Ouellet se mostrou cético de que a morte da Osama Bin Laden ajude na luta
contra o terrorismo islâmico, porque o Al Qaeda é uma organização “que deve ter outros
chefes”.
“Há lutas para controlar riquezas mundiais, deve-se procurar equilíbrios
e justiça. Os chefes de Estado devem estar mais atentos à miséria. Temos o desenvolvimento
das tensões dentro do mundo islâmico, isso é grave e não é vantagem para nós. Se explodir
uma crise no mundo islâmico é pior para o planeta”, advertiu.
O Cardeal afirmou
ainda que não há contradição entre a fé cristã e a ciência, e que todo descobrimento
científico é bem-vindo. “Isso não faz retroceder a fé”, indicou. “No campo da teologia
se pode desenvolver conhecimento mas se ao mesmo tempo não cultiva uma relação pessoal
com Deus através da oração, os conhecimentos podem não fazer progredir o indivíduo”,
explicou.
Finalmente, destacou os aspectos positivos da globalização e afirmou
que “a Igreja globaliza desde o começo”, pois “Jesus Cristo é o maior globalizador,
é quem dá à humanidade sua unidade”. (SP)