Java, 20 mai (RV) - Grupos extremistas islâmicos interromperam duas funções
cristãs relacionadas com a Páscoa em Cirebon - uma cidade na fronteira entre o Oeste
e Java Central – na total indiferença da polícia, que não interveio para impedir a
violência. A denúncia foi feita por Hendardi, presidente do Instituto Setara, ONG
que luta pelos direitos humanos e pela liberdade religiosa na Indonésia. O ativista
apontou o dedo contra a polícia “impotente”, diante de gestos “hostis” perpetrados
por movimentos radicais, que determinaram o fim das funções religiosas.
Na
Indonésia, católicos e protestantes frequentemente organizam celebrações relacionadas
à Páscoa, mesmo semanas após a festividade. O propósito – segundo a agência de notícias
AsiaNews - é fortalecer a fé e a amizade dentro da comunidade, através da recitação
do terço, de jogos para crianças e outras atividades sociais.
O presidente
da organização Setara relata que no dia 17 de maio um grupo de 20 extremistas, liderado
por Andy Mulya, invadiu os locais das funções perturbando católicos e protestantes.
Os fiéis fizeram resistência, destacando que obtiveram todas as licenças das autoridades.
No entanto, a inércia da polícia - que por lei deve autorizar e participar de eventos
“públicos” – permitiu aos membros da GAPAS (sigla do movimento contra o proselitismo
e os ensinamentos ilícitos) bloquearem os ritos.
Cirebon, na fronteira entre
o Oeste e Java Central, 350 km a leste de Jacarta, tornou-se famosa com o passar dos
anos, com o apelido de “cidade dos estudantes islâmicos”. Apesar da esmagadora maioria
muçulmana, ganhou a reputação de cidade “tranqüila” porque habitada por membros da
Nahdlatul Ulama (NU), a mais importante organização muçulmana moderada do país. No
entanto, nos últimos tempos tem sido palco de ataques e violências - como o ataque
a um quartel da polícia em abril - que mancharam a sua imagem. (SP)