2011-05-19 20:35:11

ARCEBISPO VEGLIÒ: NÃO A POLÍTICAS IMIGRATÓRIAS POR DEMAIS RESTRITIVAS


Cidade do Vaticano, 19 mai (RV) - O Presidente e o Subsecretário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, respectivamente, Dom Antonio Maria Vegliò e Pe. Gabriele Bentoglio, fizeram, de 2 a 14 do corrente, uma visita pastoral à Austrália, encontrando as comunidades imigradas, os bispos locais, os capelães e os agentes de pastoral.

A visita tinha a finalidade de encorajar o compromisso da Igreja num setor particularmente importante e de grande empenho. De fato, numa população de cerca de 21 milhões de habitantes, existem cerca de 5 milhões de trabalhadores migrantes, 22.500 refugiados e 2.350 com pedido de asilo.

Entrevistado pela Rádio Vaticano, o Arcebispo Vegliò nos diz a que ponto se encontra a atuação da Pastoral para os migrantes e os refugiados, feita pela Igreja na Austrália?

Dom Antonio Maria Vegliò:- "Efetivamente, a Igreja na Austrália aproveita todas as ocasiões que tem para entabular um diálogo com as instituições governamentais em defesa da dignidade de toda pessoa humana, inclusive de quem se encontra em situação irregular, e o faz justamente como ação pastoral. Há mais de um ano a Igreja busca assegurar a presença estável de um sacerdote ou de uma religiosa no centro de detenção de Christmas Island, enquanto outros centros são regularmente visitados por agentes que oferecem uma ajuda pastoral a todos, prescindindo da fé professada. Essa presença se faz com escuta e encorajamento, que depois se reflete em toda a sociedade dando voz às histórias de vida daqueles que se encontram presos nos centros de detenção, fazendo conhecer as suas vicissitudes e as suas aspirações."

RV: A legislação australiana é particularmente dura em relação aos migrantes sem documentos. Podemos falar de uma realidade que desafia a capacidade da Igreja de educação ao acolhimento?

Dom Antonio Maria Vegliò:- "Ninguém deixa o próprio país, a casa e a família para embarcar-se e arriscar a vida a não ser obrigado pela urgência de encontrar segurança para si e para os seus entes queridos. A Igreja chama a atenção para a criminalização dos migrantes e para o estereótipo de que eles são uma ameaça para a segurança, exortando, ao invés, a olharem para a contribuição positiva e para o papel importante que eles desempenham para o desenvolvimento tanto dos países que os acolhem, quanto daqueles dos quais provêm, também do ponto de vista econômico – com o seu trabalho e com o envio de dinheiro. Mais em geral, a Igreja pede uma reflexão sobre a coerência histórica: podemos compreender a Austrália de hoje sem a contribuição dos trabalhadores migrantes? Daí nasce a atenção sobre as conseqüências de políticas migratórias excessivamente restritivas que, a meu ver, não podem conter quem está em busca de segurança e que, aliás, podem impelir os migrantes nas mãos de traficantes e exploradores. É óbvio, então, que a Igreja esteja preocupada com políticas que se concentram somente em repelir os migrantes." (RL)







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