2011-05-06 12:40:31

Liturgia, sujeito da vida cristã, não só objeto; nela se integram tradição e legítima progressão: Bento XVI nos 50 anos do Instituto Litúrgico Pontifício


Tradição e progresso não se excluem; a tradição é uma realidade viva que incluiu o desenvolvimento: sublinhou Bento XVI, falando da Liturgia e da reforma conciliar, ao receber nesta sexta-feira os participantes num Congresso promovido pelo Instituto de Liturgia de Santo Anselmo, nos cinquenta anos da sua fundação. Tema do congresso: “O Pontifício Instituto Litúrgico, entre memória e profecia”.
O Santo Padre recordou que foi o Beato João XXIII a criar este centro de estudos e de investigação, pouco antes do Concílio Vaticano II, para “assegurar à reforma litúrgica conciliar uma base sólida”. Recolhiam-se e potenciavam-se assim os resultados do movimento litúrgico anterior que “desejava dar impulso e nova projeção à oração da Igreja”.
Em vésperas do Concílio – recordou o Papa – “aparecia cada vez mais viva no campo litúrgico a urgência de uma reforma, postulada também pelos pedidos apresentados por diversos episcopados”.

“Por outro lado, a forte exigência pastoral que animava o movimento litúrgico exigia que se favorecesse e suscitasse uma participação mais ativa dos fiéis nas celebrações litúrgicas, através do uso das línguas nacionais e que se aprofundasse o tema da adaptação dos ritos nas várias culturas, especialmente em terra de missão. Além disso revelava-se claramente desde o início a necessidade de estudar de modo mais aprofundado o fundamento teológico da Liturgia, para evitar cair no ritualismo e para que a reforma fosse bem justificada no âmbito da Revelação e em continuidade com a tradição da Igreja.”

Bento XVI deu graças a Deus pelos “abundantes frutos suscitados pelo Espírito Santo em meio século de história”, pelo empenho dos liturgistas “pioneiros” que animaram o Pontifício Instituto Litúrgico desde a sua criação.

“Graças a esta importante atividade formativa, um elevado número de doutorados e licenciados prestam agora o seu serviço à Igreja em várias partes do mundo, ajudando o Povo santo de Deus a viver a Liturgia como expressão da Igreja em oração, como presença de Cristo no meio dos homens e como atualidade constitutiva da história da salvação”.

Precisamente – sublinhou o Papa – a Constituição litúrgica do Concílio Vaticano II põe em relevo o “duplo caráter teológico e eclesiológico da Liturgia”. Infelizmente (deplorou), “porventura mesmo da parte de nós, pastores, e dos especialistas, a Liturgia foi encarada mais como objeto a reformar do que como sujeito capaz de renovar a vida cristã”. Ora, como afirma o documento conciliar, “existe um elo estreitíssimo e orgânico entre a renovação da Liturgia e a renovação de toda a vida da Igreja”, pois que “a Igreja recebe da Liturgia a suas força para viver”.
“A Liturgia, testemunha privilegiada da Tradição viva da Igreja (…) - observou ainda Bento XVI - vive de uma correta e constante relação entre sã tradição e legítimo progresso, como proposto pelo documento conciliar. Há que unir, portanto, tradição e progresso…

“Com estes dois termos, os Padres conciliares quiseram transmitir o seu programa de reforma, em equilíbrio com a grande tradição litúrgica do passado e o futuro. Muitas vezes contrapõe-se de modo impróprio tradição e progresso. Na realidade, os dois conceitos integram-se reciprocamente. A tradição é uma realidade viva, inclui portanto em si mesma o princípio do desenvolvimento, do progresso. A corrente da tradição leva sempre consigo a sua nascente, a caminho da foz”.








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