2011-05-02 14:00:01

Um homem de fé, um Pastor, uma Testemunha: Cardeal Bertone na homilia da missa de acção de graças pela beatificação de João Paulo II.


(2/5/2011) Depois da celebração de beatificação de João Paulo II neste 1 de Maio muitos dos peregrinos – as autoridades italianas falaram em cerca de um milhão – regressaram aos seus locais de origem, mas algumas dezenas de milhar permaneceram em Roma, participando nesta segunda-feira, na Praça de São Pedro, na primeira missa com invocação do beato João Paulo II, presidida pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano.
A oração inicial desta Missa – formalmente, a «coleta» -, em português, é a seguinte: “Ó Deus, rico de misericórdia, que escolhestes o beato João Paulo II para governar a vossa Igreja como Papa, concedei-nos que, instruídos pelos seus ensinamentos, possamos abrir confiadamente os nossos corações à graça salvífica de Cristo, único redentor do homem. Ele que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos”.
À imagem do que aconteceu neste domingo, a cerimónia foi precedida por uma hora de preparação na qual, entre outros, foram lidos textos retirados da obra poética de Wojtyla
- Um homem de fé, um Pastor, uma Testemunha: estes os aspectos da personalidade e da santidade do Beato João Paulo II sublinhados pelo cardeal Bertone na homilia desta missa de acção de graças pela beatificação.

“Era um homem de fé, um homem de Deus, um homem que vivia de Deus. A sua vida era uma oração contínua, constante, uma oração que abraçava com amor cada um dos habitantes do nosso planeta, criado à imagem e semelhança de Deus, e por isso digno de respeito, redimido com a morte e ressurreição de Cristo, tornando-se portanto verdadeiramente glória viva de Deus”.

Para o Papa João Paulo II, cada mulher, cada homem, era um filha e filho de Deus, independentemente da raça, da cor da pele, da proveniência geográfica e cultural, e até mesmo do credo religioso. A sua intercessão – fez notar o cardeal Bertone – era uma intercessão por toda a família humana, pela Igreja, por cada comunidade de crentes, em toda a terra.
Há pois que dar graças ao Senhor por nos ter dado um tal Pastor.

“Um Pastor que sabia ler os sinais da presença de deus na história humana, e anunciava as suas grandes obras em todo o mundo, em todas as línguas. Um Pastor que tinha radicado em si o sentido da missão, do empenho em evangelizar, em anunciar por toda a parte a Palavra de Deus, gritando-a sobre os telhados…

Um anúncio que era, naturalmente, um testemunho pessoal…

Hoje damos graças ao Senhor por nos ter dado uma Testemunha como ele, tão credível, tão transparente, que nos ensinou como se deve viver a fé e defender os valores cristãos, a começar pela vida, sem complexos, sem medos; como se deve testemunhar a fé com coragem e coerência, vivendo as Bem-aventuranças na experiência de cada dia”.

Vivendo profundamente a fé, em sólida e íntima ligação com Deus, João Paulo II sabia transmitir aos homens a verdade que está em Cristo… Toda a sua vida, sofrimento, morte e santidade testemunham isto mesmo, dão uma prova concreta, segura…

“Demos graças ao Senhor por nos ter proporcionado um Papa que soube dar à Igreja Católica não só uma projecção universal e uma autoridade moral a nível mundial nunca antes conhecidas, mas também, especialmente com a celebração do Grande Jubileu do ano 2000, uma visão mais espiritual, mais bíblica, mais centrada sobre a palavra de Deus.”
Nos últimos meses, nas últimas semanas de vida – recordou, quase a concluir, o cardeal Bertone – João Paulo II manteve total fidelidade, até à morte, à missão que lhe tinha sido confiada.

“Todos vimos como lhe foi tirado tudo o que humanamente podia impressionar: a força física, a expressão do corpo, a possibilidade de se mover, até mesmo a palavra. Foi então que, mais do que nunca, ele confiou a sua vida e missão a Cristo, porque só Cristo pode salvar o mundo”.

João Paulo II sabia que a sua debilidade corporal fazia ver ainda mais claramente que é Cristo que actua na história. Foi oferecendo a Cristo e à Igreja os seus sofrimentos que ele nos deu uma última, grande lição de humanidade e de abandono entre os braços de Deus”.

“Cantemos ao Senhor um canto de glória pelo dom deste grande Papa: homem de fé e de oração, Pastor e Testemunha, Guia na passagem entre dois milénios. Que este canto ilumine a nossa vida, para que, não somente veneremos o novo Beato, mas, com a ajuda da graça de Deus, sigamos o seu ensinamento e o seu exemplo”.

No final da celebração o card. Tarcicio Bertone proferiu algumas saudações em varias línguas, entre as quais o português: RealAudioMP3

Durante a cerimónia, a basílica de São Pedro esteve fechada ao público, mas desde a manhã de domingo passaram junto à urna de João Paulo II, ali colocada, cerca de 250 mil pessoas, segundo dados das autoridades do Vaticano.
Após a celebração, o espaço voltou a estar aberto aos peregrinos até às 17:30, hora em que será rezado o rosário e, já de forma privada, será efectuada a sepultura dos restos mortais de João Paulo II no andar principal da basílica, na capela de São Sebastião, junto da famosa 'Pietà' de Miguel Ângelo.








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