Duzentas mil pessoas no Circo Máximo de Roma numa vigília de oração que lembrou sofrimento
de João Paulo II
(30/4/2011) Duzentas mil pessoas estiveram reunidas, a noitepassada no Circo Máximo
de Roma, para uma vigília de oração que preparou a beatificação de João Paulo II,
este domingo, no Vaticano. A celebração iniciou-se com imagens do falecido Papa
polaco, falando aos jovens, e apresentou um vídeo de dois minutos sobre o “sofrimento
e as últimas horas” de Karol Wojtyla (1920-2005). O tema voltou à baila com o depoimento
de Marie Simon-Pierre, cuja cura, por intercessão de João Paulo II, foi considerada
como o milagre necessário para a conclusão do processo de beatificação. “É como
um segundo nascimento, uma segunda vida”, referiu no seu depoimento a religiosa francesa,
para quem esta cura é também “uma bênção para a Igreja e para o mundo”. Numa “celebração
da memória”, com transmissão internacional, a organização convidou ainda o antigo
porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls e o cardeal Stanislaw Dziwisz, secretário
particular de João Paulo II. O cardeal Stanislaw Dziwisz, afirmou que o Papa polaco
ultrapassou “todas as fronteiras”, merecendo o título de “beato” que vai receber este
domingo. Lembrando o momento da morte de João Paulo II, este responsável revelou
que aqueles que estavam presentes nesse último momento estavam “convencidos de que
tinha morrido um santo”. Disse ainda que Karol Wojtyla (1920-2005) que conhecia
“não mudou” após a eleição papal de 1978. “Sinto-o presente aqui no Circo Máximo”,
concluiu. Dziwisz lembrou as intervenções de João Paulo II contra a Mafia, na Itália,
e, em 2003, contra a guerra do Iraque, as duas vezes que durante a sua vida o viu
verdadeiramente irritado O antigo porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls
mostrou “gratidão” por um Papa que disse “sim a tudo o que Deus lhe pediu e não era
pouco”. “Obrigado pela obra-prima que, com a ajuda de Deus, fizeste da tua vida”,
disse Navarro-Valls, que colaborou de perto com João Paulo II e não conseguiu esconder
a sua emoção, nesta intervenção. O cardeal Agostino Vallini, vigário do Papa para
a diocese de Roma, falou de “veneração, afeto, admiração e profunda gratidão” em relação
a João Paulo II e lembrou a sua “fé enraizada e forte, livre de medos”. “Testemunha
da época trágica das grandes ideologias, dos regimes totalitários e do seu ocaso,
João Paulo II intuiu com antecedência a trabalhosa passagem, marcada por tensões e
contradições, da época moderna para uma nova fase da história”, disse. Dois pequenos
filmes, realizados por jovens ligados à diocese de Roma, lembraram o Papa polaco e
a sua influência sobre a vida de universitários e dos mais novos. A segunda
parte do encontro contou com a recitação da oração tradicional do terço do Rosário,
com intervenções de fiéis reunidos em cinco santuários dedicado ao culto da Virgem
Maria Basílica de Guadalupe, no México; o Santuário de Kawekamo, na Tanzânia; Cracóvia,
na Polónia; o Santuário de Nossa Senhora do Líbano, em Beirute, e Fátima. Uma primeira
ligação a Portugal permitiu saudar algumas centenas de pessoas reunidas na Capelinha
das Aparições, sob a presidência de D. Augusto César, bispo emérito de Portalegre-Castelo
Branco. No Santuário português foi escutado um extrato da homilia que João Paulo
II proferiu na Cova da Iria a 13 de maio de 1982, durante a sua primeira visita. “Em
conformidade com a tradição de muitos séculos, a Senhora da mensagem de Fátima indica
o terço – o rosário – que bem se pode definir «a oração de Maria»: a oração, na qual
Ela se sente particularmente unida connosco. Ela própria reza connosco”. O dia
terminou numa chamada “noite branca”, com oito igrejas abertas em permanência, no
centro histórico da capital italiana, para acolher os peregrinos de todo o mundo que
vieram para a cerimónia de beatificação.