Limeira, 30 abr (RV) - Neste dia 1 de maio a Igreja toda volta o olhar para
o Vaticano. A data marca a celebração de beatificação do saudoso Papa João Paulo II,
que governou a Igreja por 27 anos (1978-2005).
Karol Józef Wojtyla nasceu em
Wadowice, na Polônia, no dia 18 de maio de 1920. Ainda jovem estudante viveu num contexto
político sofrido para seu povo, sobretudo pela presença do nazismo e, posteriormente,
do comunismo. Gostava de arte, literatura e filosofia. Estudou em um seminário clandestino
(por causa das inúmeras perseguições contra a Igreja e o clero) e ordenou-se sacerdote.
Ainda jovem foi nomeado bispo e, posteriormente criado cardeal da Santa Igreja. Era
um homem de grande força e influência por onde passava, sobretudo entre os jovens.
Mas também uma figura que, com serenidade e firmeza ao mesmo tempo, questionava a
realidade que o circundava.
Em 1978, com a morte do Papa João Paulo I, vítima
de um ataque cardíaco apenas 33 dias após sua eleição, foi eleito papa o Cardeal Karol
J. Wojtyla, que adotou o mesmo nome de seu antecessor no trono de Pedro.
Havia
séculos que a Igreja não tinha um papa de outra nacionalidade que não italiana. O
novo papa polonês, relativamente jovem (58 anos), poliglota e filósofo, surpreendeu
o mundo com a força de suas palavras e a segurança em suas posturas. Jovial, próximo
do povo, não demonstrou medo diante dos desafios que se lhe apresentavam, embora ele
mesmo, em sua primeira aparição pública na janela da basílica vaticana, confessou
diante da multidão reunida para conhecer o novo papa, que teve medo de assumir esta
função, mas que se confiava em Deus e na intercessão da Virgem Maria. Isto, aliás,
ele fez questão de expressar em seu lema: “Totus Tuus” (sou todo teu).
Uma
das grandes marcas do Papa João Paulo II é o grande número de peregrinações. Foi um
dos líderes que mais viajou na história, tendo visitado 129 países durante o seu pontificado.
Sabia falar os seguintes idiomas: italiano, francês, alemão, inglês, espanhol, português,
ucraniano, russo, servo-croata, esperanto, grego clássico e latim, além de polonês,
sua língua nativa
Muitos países receberam sua visita mais de uma vez, como
o Brasil, por exemplo, (3 vezes). Por esta razão ficou conhecido como “papa peregrino”,
que andava pelos continentes atraindo multidões que ouviam suas palavras, sempre claras,
sobretudo quando a questão era a promoção da paz e a defesa da vida diante de ameaças
como as guerras, o abordo, a máfia, dentro outros.
Como parte de sua ênfase
especial na vocação universal à santidade, beatificou 1 340 pessoas e canonizou 483
santos, quantidade maior que todos os seus predecessores juntos pelos cinco séculos
passados.
Tinha o desafio de conduzir a Igreja para o século XXI, com a grande
celebração jubilar do ano 2000. Mesmo já fragilizado no corpo, que trazia as marcas
de um atentado sofrido no início da década de 80, ele cumpriu sua missão e, em meio
a sofrimentos pessoais, nunca perdeu a firmeza em suas posturas e as chances de testemunhar
sua fé. Aliás, esta é uma das tarefas que mais compete ao sucessor de Pedro: confirmar
na fé seus irmãos!
Este grande papa, João Paulo II, morreu no dia 2 de abril
de 2005, após serena agonia em seu quarto, no paládio apostólico. O mundo “parou”
para despedir-se dele e para reconhecer seus méritos. Grande multidão se dirigiu para
o Vaticano durante seus funerais, incluindo representantes de diferentes religiões,
chefes de estado e outros.
A beatificação de João Paulo II, em pouquíssimo
tempo após sua morte, vem atender à aclamação expressa espontaneamente pelo povo em
seus funerais, presididos pelo então decano do colégio cardinalício, Cardeal Josef
Ratzinger, hoje Papa Bento XVI: “Santo Súbito” (Santo já).
O próprio sucessor
de João Paulo II, o Papa Bento XVI, com a Cúria Romana, se fizeram sensíveis àquilo
que a multidão expressava e pedia. Iniciou-se o processo, que consta inclusive de
uma cura alcançada por uma religiosa após invocar a intercessão do servo de Deus.
Concluída
estas etapas, neste dia 1º de maio de 2011, às 10h00 (horário de Roma), o Papa João
Paulo II será proclamado beato, podendo ser venerado pelo povo. A data coincide com
o 2º domingo do Tempo da Páscoa, o assim chamado “Domingo da Divina Misericórdia”.
Também será rezado o Terço da Divina Misericórdia com o canto “Jezu ufam Tobie”, que
significa: “Jesus confio em vós”. Esta devoção foi introduzida por Santa Faustina
Kowalska, sua conterrânea, e era muito apreciada por João Paulo II.
Com a beatificação,
será instituída uma Memória Litúrgica do Beato João Paulo II, para a Diocese de Roma
e dioceses da Polônia, seu país de origem.
Que o testemunho dado por João Paulo
II nos ajude a, como ele, sermos fervorosos e incansáveis servos de Deus, pela oração,
pelas palavras e pelas atitudes diante da realidade que nos cerca, mesmo que em meio
a dificuldades e sofrimentos. Movidos exemplo de força e santidade deste homem contemporâneo,
que nossas comunidades se animem a serem cada vez mais fiéis ao Cristo, Senhor e Mestre,
e cumprir no dia-a-dia a missão da Igreja: evangelizar.
Cristo é a nossa paz!
Forte e fraterno abraço a todos!
Dom Vilson Dias de Oliveira, DC Bispo
Diocesano de Limeira/SP