Tóquio, 29 abr (RV) - Cristãos e budistas japoneses partilharam, nesta quinta-feira,
na solidariedade e amor recíproco, a cerimônia de 49 dias da tragédia de 11 de março
passado, quando o terremoto e tsunami devastaram o Japão.
Segundo as tradições
budistas japonesas, o 49° dia depois da morte, chamado de "Shiju-kunichi", é uma cerimônia
significativa porque é o momento em que o espírito deixa o corpo do defunto para chegar
a um dos seis reinos da cosmologia budista.
"O 49° dia – informam os franciscanos
de Tóquio – é um dia emocionante, pois toda a nação japonesa viveu um dia de luto.
As festas foram canceladas, muitos escritórios e parques ficaram fechados. Ninguém
foi ao restaurante e discoteca, e poucas pessoas foram aos shoppings".
Os japoneses
viveram um dia voluntário de sacrifício e renúncia. "Também nós cristãos vivemos a
nossa renúncia voluntária, num dia de jejum, para recordar as mais de 28 mil vítimas
da tragédia de 11 de março passado. Como cristãos, estamos espiritualmente unidos
aos budistas na oração de sufrágio" – disse Joseph Yamada, leigo franciscano de Tóquio.
No
entanto, um grande impulso ao voluntariado e à solidariedade percorre a sociedade
japonesa e crescem as contribuições para a reconstrução e a reabilitação das famílias
nas áreas devastadas. "A nação pode se reerguer, como fez 65 anos atrás depois do
desastre nuclear de Hiroshima e Nagasaki. Hoje nos impressiona muito a ajuda que recebemos
da China e dos Estados Unidos. Um amigo no momento da necessidade é um amigo para
sempre" – frisou Yamada, recordando especialmente as pessoas que ofereceram suas vidas
a fim de controlar o reator número 3 de Fukushima. (MJ)