CRISE ALIMENTAR PODE LEVAR À POBREZA MAIS 64 MILHÕES DE PESSOAS
Roma, 27 abr (RV) – O Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD) divulgou que,
no início de 2011, os preços dos alimentos subiram em média 10% em muitos países asiáticos.
O Banco, segundo informa a agência AsiaNews, advertiu ontem que a persistência dos
aumentos, agregada ao crescimento dos preços dos combustíveis provocado pelos protestos
em muitos países do Oriente Médio e do Norte da África, pode gerar uma forte inflação,
além de mergulhar uma dezena de milhões de pessoas na pobreza e reduzir o crescimento
econômico previsto para a região em mais de 1,5%.
Changyong Rhee, economista-chefe
do Banco, observou que, embora a maioria das economias asiáticas tenha superado a
crise financeira global dos últimos anos, esses grandes aumentos atingem "as famílias
pobres nos países em desenvolvimento da Ásia, que já gastam mais do que 60% de sua
renda em alimentos". Complementou que isso reduz a possibilidade dessas pessoas de
pagarem as despesas médicas e de educação para seus filhos.
Um aumento de
10% nos preços dos alimentos que pode levar à pobreza mais 64 milhões de pessoas.
O BAD prevê que o custo dos alimentos continuará "muito volátil" a curto prazo, com
a conseqüente redução de estoque de grãos. Nos últimos 12 meses, o preço do milho
aumentou 90%, e a soja 40%. Significativo também o aumento do preço do arroz.
Essas
altas de preços são, em parte, provocadas pelas condições meteorológicas adversas
e desastres naturais que atingiram em 2010 a produção de alimentos, tais como incêndios
e inundações no Paquistão, na Rússia e na Ucrânia. Outras causas importantes são os
fatores estruturais, tais como a baixa do dólar e aumento do preço do petróleo, que
ontem chegou a 111 dólares e 57 centavos o barril, um recorde dos últimos 31 meses,
representando um aumento de 22% em 2011. (ED)