Cidade do Vaticano, 23 abr (RV) - “Os pobres são um recurso, não um problema”:
uma frase do Arcebispo Dom Francis Chullikatt que ressoou nos dias passados nos corredores
das Nações Unidas em Nova Iorque. O Observador permanente da Santa Sé junto à ONU
criticou a visão distorcida de desenvolvimento de que a erradicação da pobreza eliminaria
os pobres. O prelado, então, pediu aos governos que respeitem a dignidade da pessoa
e em particular o direito dos pais a terem filhos, livres de qualquer tipo de coerção.
Nesta Semana Santa o nosso olhar se concentrou na Paixão e Morte de Jesus,
na espera da sua Ressurreição. Vemos Jesus, como o último dos últimos, padecendo o
suplício dos malfeitores, a morte na Cruz. Vemos sendo ultrajado, escarnecido, ignorado....um
ninguém que nada conta para este mundo... como o último dos últimos... um miserável
qualquer.... um pobre...
Desde sempre a Igreja olhou para os pobres como os
destinatários da Boa-nova. Jesus mesmo reconheceu a riqueza e o valor dos pobres.
Definiu sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres”. Ele mesmo viveu
como pobre. Não possuiu nada para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça.
E a quem queria segui-Lo ele mandava escolher: ou Deus, ou o dinheiro! “Felizes vocês
pobres!”, disse Jesus. Então, quem é o “pobre”? É o pobre que tem o mesmo espírito
que animou Jesus. Não é o rico. Nem é o pobre com cabeça de rico. Mas é o pobre que,
como Jesus, acredita nos pobres e reconhece o valor deles.
A Igreja na América
em Medelín fez a sua a Opção pelos pobres quando expressou de forma explícita a sua
preocupação com relação à grande maioria da população deste continente, que vive em
condição de miséria. A Igreja busca então cumprir a missão de Cristo que afirma: “Eu
vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância”. Apesar desta
afirmação os ricos não são excluídos da Igreja, porém para serem incluídos – afirma
Medelín – “estes devem também fazer a sua opção pelos pobres”.
O compromisso
evangélico da Igreja deve ser como o de Cristo: um compromisso com os mais necessitados.
Por isso a Igreja deve ter os olhos em Cristo quando se pergunta qual deve ser a sua
ação evangelizadora. Os pobres merecem uma atenção preferencial, seja qual for a situação
moral ou pessoal em que se encontrem. Criados à imagem e semelhança de Deus para serem
seus filhos, esta imagem foi obscurecida e também escarnecida. Por isso Deus toma
sua defesa e os ama. Assim os pobres são os primeiros destinatários da Boa-nova.
Os
pobres não são um problema, visão distorcida – destacou Dom Francis Chullikatt – que
os vêem como se fossem “objetos sem importância”; ao invés são “pessoas com uma inata
dignidade”, que devem ser respeitadas e apoiadas.
Os pobres não são “coitados”
de quem temos pena. São pessoas de quem devemos nos aproximar e nos fazermos solidários,
com justiça e fraternidade. (SP)