2011-04-23 14:25:51

EDITORIAL: OS POBRES, UMA RIQUEZA


Cidade do Vaticano, 23 abr (RV) - “Os pobres são um recurso, não um problema”: uma frase do Arcebispo Dom Francis Chullikatt que ressoou nos dias passados nos corredores das Nações Unidas em Nova Iorque. O Observador permanente da Santa Sé junto à ONU criticou a visão distorcida de desenvolvimento de que a erradicação da pobreza eliminaria os pobres. O prelado, então, pediu aos governos que respeitem a dignidade da pessoa e em particular o direito dos pais a terem filhos, livres de qualquer tipo de coerção.

Nesta Semana Santa o nosso olhar se concentrou na Paixão e Morte de Jesus, na espera da sua Ressurreição. Vemos Jesus, como o último dos últimos, padecendo o suplício dos malfeitores, a morte na Cruz. Vemos sendo ultrajado, escarnecido, ignorado....um ninguém que nada conta para este mundo... como o último dos últimos... um miserável qualquer.... um pobre...

Desde sempre a Igreja olhou para os pobres como os destinatários da Boa-nova. Jesus mesmo reconheceu a riqueza e o valor dos pobres. Definiu sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres”. Ele mesmo viveu como pobre. Não possuiu nada para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça. E a quem queria segui-Lo ele mandava escolher: ou Deus, ou o dinheiro! “Felizes vocês pobres!”, disse Jesus. Então, quem é o “pobre”? É o pobre que tem o mesmo espírito que animou Jesus. Não é o rico. Nem é o pobre com cabeça de rico. Mas é o pobre que, como Jesus, acredita nos pobres e reconhece o valor deles.

A Igreja na América em Medelín fez a sua a Opção pelos pobres quando expressou de forma explícita a sua preocupação com relação à grande maioria da população deste continente, que vive em condição de miséria. A Igreja busca então cumprir a missão de Cristo que afirma: “Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância”. Apesar desta afirmação os ricos não são excluídos da Igreja, porém para serem incluídos – afirma Medelín – “estes devem também fazer a sua opção pelos pobres”.

O compromisso evangélico da Igreja deve ser como o de Cristo: um compromisso com os mais necessitados. Por isso a Igreja deve ter os olhos em Cristo quando se pergunta qual deve ser a sua ação evangelizadora. Os pobres merecem uma atenção preferencial, seja qual for a situação moral ou pessoal em que se encontrem. Criados à imagem e semelhança de Deus para serem seus filhos, esta imagem foi obscurecida e também escarnecida. Por isso Deus toma sua defesa e os ama. Assim os pobres são os primeiros destinatários da Boa-nova.

Os pobres não são um problema, visão distorcida – destacou Dom Francis Chullikatt – que os vêem como se fossem “objetos sem importância”; ao invés são “pessoas com uma inata dignidade”, que devem ser respeitadas e apoiadas.

Os pobres não são “coitados” de quem temos pena. São pessoas de quem devemos nos aproximar e nos fazermos solidários, com justiça e fraternidade. (SP) RealAudioMP3








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