Via-Sacra desta noite no Coliseu de Roma vai lembrar sofrimento das crianças. As
meditações foram escritas por monja de clausura italiana
(22/4/2011) O triduo pascal prossegue nesta Sexta feira Santa aqui em Roma com duas
celebrações presididas pelo Papa Bento XVI. A partir das 17h00 celebração da “Paixão
do Senhor” na basílica de São Pedro, liturgia composta pela escuta de leituras bíblicas,
adoração da cruz e comunhão. Às 21h15, Bento XVI preside no Coliseu de Roma à Via-sacra
– onde se evoca espiritualmente o trajecto que Jesus realizou em Jerusalém até à sua
morte e sepultura, com momentos de meditação e oração em várias etapas, chamadas estações
– finda a qual profere uma alocução e concede a “Bênção Apostólica”. A Via-Sacra
desta noite, no Coliseu de Roma, vai lembrar o sofrimento das crianças, a “infância,
por vezes ofendida e explorada”, e a “mentira” na sociedade de hoje. A oração inicial
desta celebração, destaca a "desordem do coração" que "desfigura a ingenuidade dos
pequeninos e dos fracos". O mesmo texto fala ainda das “várias máscaras da mentira”
que "ridicularizam a verdade" e sufocam o “apelo íntimo à honestidade”, bem como de
um “vazio de sentido e de valores” na educação. A autora dos textos que vão ser
lidos durante a Via-Sacra, Maria Rita Piccione, afirmou que pretende dar espaço “à
voz da infância, por vezes insultada, magoada, explorada”, não só devido aos abusos
sexuais, “pois o campo é muito amplo e diz respeito a toda a humanidade”. A monja
de clausura italiana referiu à Rádio Vaticano que a redacção dos textos foi inspirada
pelos crentes e por “todas as pessoas”, bem como pelo “coração humano”, que descreveu
“como um laboratório no qual se decidem o destino do que acontece em nível muito mais
amplo”. “As raízes dos dramas humanos estão nos nossos corações. Ter essa consciência
é muito importante porque é abrir-se à consciência de uma responsabilidade e solidariedade
para com tudo o que acontece no mundo”, assinalou. A publicação com os textos a
distribuir às pessoas presentes na celebração inclui imagens de Elena Manganelli,
que à semelhança da autora das meditações pertence à congregação agostiniana. No
início de cada estação, assinala a apresentação da celebração, publicada pelo Vaticano,
“aparece uma frase muito breve que pretende oferecer a chave de leitura da respectiva
estação”. “Idealmente podemos recebê-la como que vinda de uma criança, numa espécie
de apelo à simplicidade dos pequeninos que sabem captar o coração da realidade e num
espaço simbólico de acolhimento, na oração de Igreja, da voz da infância por vezes
ofendida e explorada”, pode ler-se O Papa pede todos os anos a um autor diferente
para redigir as reflexões para cada uma das catorze fases da celebração, seguida por
dezenas de milhares de peregrinos com velas na mão que se concentram junto ao Coliseu,
na capital italiana. Esta não é a primeira vez que as meditações são escritas por
uma mulher: em 1993 foi escolhida a religiosa beneditina Anna Maria Canopi, e dois
anos depois a tarefa foi confiada a Minke de Vries, monja de uma comunidade protestante
suíça. Em 2002 as meditações foram escritas por 14 jornalistas acreditados na sala
de imprensa da Santa Sé, incluindo cinco mulheres. Bento XVI vai presidir à celebração,
transmitida por canais de televisão de vários países do mundo, que começa às 21h15
(hora local).