Cidade do Vaticano, 21 abr (RV) - Celebramos hoje a instituição da Eucaristia
da eterna e definitiva aliança de Deus conosco.
É a celebração do início de
uma nova era, de uma vida nova, onde todos são filhos e irmãos. Acabou a escravidão
dos bens materiais, da ambição, do apego à própria vontade, do sentir-se superior
e melhor que os outros.
A Eucaristia é partilha! Tomar refeição junto é partilhar
o pão, o pão da Vida. Celebrar a Eucaristia é celebrar Jesus como o Caminho, a Verdade
e a Vida.
Sentados todos à mesma mesa como irmãos para partilharmos o mesmo
pão e o mesmo cálice. Essa celebração sinaliza que não deve haver pessoas carentes,
pessoas que se julguem superiores a outras, mas irmãos que lavem os pés uns aos outros,
que sejam servidores, que vivam a lei amorosa da partilha, a lei do amor que leva
ao serviço e ao perdão. E esse serviço continuará e terá sua expressividade máxima
na cruz. Ali o Senhor Jesus, ao entregar sua vida ao Pai, a partilha conosco, pois
Ele é o pão consagrado, o vinho divino que nos lava os pecados e nos alimenta com
sua vida. Ele amou-nos até o fim, escreveu São João.
Celebrar a Eucaristia
é comer o pão da unidade. Impossível celebrá-la com divisões, com mágoas, com rancor.
Impossível celebrá-la se negamos o pão, a veste, a dignidade a algum irmão, mesmo
que ele seja faltoso.
Na Eucaristia é abolida a Lei Antiga e a Nova atinge
toda sua plenitude. A Eucaristia é memorial sacramental da Páscoa de Cristo. A
última Ceia é o lugar onde Jesus dá sentido aos seus sofrimentos e à sua morte.
Somos
Igreja porque celebramos a Eucaristia. Ela nos faz Povo de Deus, Povo Santo que através
do serviço, da partilha, do perdão, anuncia a morte do Senhor até que Ele venha.
Por
outro lado, só podemos celebrá-la porque, através do banho no sangue do Senhor, nos
comprometemos com essa Vida Nova, com essa nova lei do Amor que se manifesta no serviço
e na partilha.
Celebrar a Eucaristia é vivenciar e anunciar a fé na libertação
do Homem, que sua Redenção só se realiza através da entrega generosa de sua própria
vida ao Pai e aos irmãos.
A Paixão de nosso Senhor é uma questão de fé e de
amor, não de discursos, mas de deixá-la entrar em nosso coração, em nossa vida, unindo-nos
a Ele, por amor, somente por amor.
Façamos nossas as palavras de São Paulo
aos Colossenses: “Agora encontro a minha alegria nos meus sofrimentos por vós, e completo
o que falta às tribulações de Cristo em minha carne em favor do seu Corpo, que é a
Igreja.”
Unamos nossa vida ao Cristo Redentor e não tenhamos receio de que
também para nós a cruz possa ser uma possibilidade, se já não a encontramos na luta
do dia a dia quando praticamos a justiça e buscamos viver o amor e o perdão. (CAS)