Juiz de Fora, 20 abr (RV) - A Santíssima Virgem Maria teve vários encontros
com Jesus, mas este era preferível que não acontecesse. A Mãe, cheia de dor, vai ao
encontro do FILHO que se dirige ao calvário levando às costas um pesado madeiro. Encontro
que dispensa palavras, pois fala por si; encontro doloroso que deixa marcas. Sua dor
é inigualável. Maria sofre mais ainda por nada poder fazer nesse instante para aliviar
o sofrimento de Jesus e também o seu.
Maria renunciou a tudo, até aos direitos
sobre seu filho, derivados dos vínculos de sangue. O SIM da Anunciação tinha sido
a sua assinatura em branco no plano de Deus. Tinha sido a aceitação incondicional
de um mistério que se revelaria a pouco e pouco - e, de casa vez, por meio de um rasgão
sangrento - no decurso de sua existência.
Maria ofereceu, generosa e cândida
na vontade do Pai, o seu Cristo aos homens. E deve assistir à destruição do seu
presente, executada pelos homens.
Maria é, por excelência, a criatura do encontro.
“Cheia de graça, foi o lugar de encontro entre Deus e a humanidade”. Na sua pessoa,
o homem fugitivo foi, finalmente, alcançado por Deus, que nunca se resignara àquele
afastamento.
O encontro ao longo do caminho que leva ao “Lugar da Caveira”
não tem outro significado que esta comum consciência de um sacrifício ilimitado. É
o último “sim”. Cristo já pode retomar seu caminho. Melhor, nem se deteve...
Nesta
terça-feira santa Maria ajuda-nos a sermos, também nós, criaturas de encontro. Convence-nos
a deixar-nos alcançar por Deus a render-nos a Ele.
Que em nós haja suficiente
silêncio para escutar a Sua palavra de salvação e de conversão. Convence-nos desta
verdade: só quem encontra Deus é capaz de encontrar verdadeiramente os homens.
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Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG)