2011-04-20 12:37:15

COSTA DO MARFIM: APELO EM PROL DA POPULAÇÃO


Abdijan, 20 abr (RV) - Passados nove dias após a detenção do presidente que concluiu seu mandato, Laurent Gbagbo, e que deveria ter colocado fim na crise pós-eleitoral em vigor desde o final de novembro, na Costa do Marfim não diminui a tensão. Particularmente difícil a situação em Yopougon, o subúrbio mais populoso da capital econômica, Abdijan. De acordo com o testemunho dado à agência Misna pelo Padre Hypolite Mel, pároco de São Vicente de Paulo, em Yopougon, “a vida cotidiana ainda está bloqueada, muitas pessoas fugiram de Yopougon buscando refúgios nos bairros mais seguros, na casa de parentes ou amigos. Aqueles que decidiram ficar permaneceram somente para proteger suas casas e os bens obtidos através de anos de duro trabalho duro. Estamos completamente isolados, sem comida, falta luz e as pessoas estão com medo de sair. Os jovens patriotas não pretendem depor as armas e são eles que ditam leis há semanas”.

“Em vista da insegurança generalizada no bairro - disse o sacerdote - decidimos antecipar o horário da procissão da Sexta-feira Santa para permitir que os fiéis possam voltar para casa antes do anoitecer”. Padre Hypolite pede então em alta voz o fim dos saqueios contra as famílias pobres e indefesas e o fim de rumores infundados e especulações que aumentam as incertezas e pânico entre as pessoas. O sacerdote também salienta a necessidade urgente de “deixar para trás a cultura do ódio, da vingança, e a quem quer jogar mais gasolina no fogo”.

De fato, recorda o jovem sacerdote da Costa do Marfim, “a nossa sociedade é fundada sobre o intercâmbio religioso e cultural entre os povos de diversas etnias e nacionalidades: as famílias mistas entre cristãos e muçulmanos são numerosas e é normal para nós a vivermos juntos em harmonia”. Considerando o novo cenário político na Costa do Marfim, com a chegada ao poder do presidente eleito Alassane Dramane Ouattara (chamado ‘Ado’), de acordo com o pároco de Yopougon, após mais de quatro meses de queda-de-braço pelo poder, chegou o momento para “sair da lógica da instrumentalização religiosa, cultural, étnica com fins políticos”, pois “a Costa do Marfim poderá ser reconstruída somente com a unidade, a reconciliação, o diálogo e a paz”. (SP)








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