Jundiaí, 19 abr (RV) - Os participantes do 4º Seminário da Pastoral dos Migrantes,
realizado em 16 e 17 de abril, em Jundiaí (SP), divulgaram o documento final do encontro,
que debateu sobre os atuais rostos da migração, as características e tendências da
migração e a missão da família scalabriniana neste contexto.
O documento destaca
os aspectos significativos, os desafios e as perspectivas que emergiram deste seminário.
Um dos aspectos tratados foi o da migração na América Latina, onde se estima que 26
milhões de pessoas vivam fora de seus países.
Leia abaixo a integra do documento
final:
DOCUMENTO FINAL 1.INTRODUÇÃO
“Conscientes da complexidade
do fenômeno migratório, é necessário que todas as dioceses interessadas se mobilizem
para que os movimentos migratórios sejam considerados também como ocasião para descobrir
novas modalidades de presença e de anúncio, segundo as próprias possibilidades, a
um condigno acolhimento e animação destes nossos irmãos para que, tocados pela Boa
Nova, se façam eles mesmos anunciadores da Palavra de Deus e testemunhas do Senhor
Ressuscitado, esperança do mundo.” (EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL VERBUM DOMINI
DO SANTO PADRE, O PAPA BENTO XVI). Os fatos, os rostos, as situações vividas pelos
migrantes e refugiados e a diversidade de processos migratórios, presentes no cenário
nacional e internacional, nos dias de hoje, foram contemplados no IV Seminário de
Pastoral dos Migrantes promovido pela Província Nossa Senhora Aparecida da Congregação
das Irmãs Missionárias Scalabrinianas, envolvendo a ação missionária scalabriniana
de Irmãs, formandas e leigos Missionários Scalabrinianos.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
O
IV Seminário Provincial de Pastoral das Migrações faz parte da programação em preparação
ao IV Seminário Congregacional de Pastoral dos Migrantes que será realizado em Caxias
do Sul, no período de 24 a 29 de novembro de 2011. O tema central do Seminário “Rostos
da migração, um sinal dos tempos”; lema “Como cantar um canto novo em terra estrangeira.”
Sl 136,4 com o objetivo de fortalecer a identidade scalabriniana MSCS no ser migrante
com os migrantes para responder com fidelidade criativa aos desafios atuais da migração.
Participaram
deste acontecimento Irmãs Scalabrinianas da Província Nossa Senhora Aparecida e formandas,
leigos e leigas Scalabrinianos.
O seminário foi constituído pela exposição
de dois temas iluminadores e pela apresentação de experiências pastorais focalizando
diferentes rostos da migração. Os temas apresentados foram “Migrações contemporâneas,
características e tendências” assessorado por Ir. Rosita Milesi, mscs e “ A Identidade
e Carisma Scalabriniano a partir do testemunho de Madre Assunta Marchetti” assessorado
por Ir. Sônia Delforno, mscs. As experiências partilhadas foram as seguintes: O Rosto
do Migrante e a Saúde – Ir. Luiza Salles; O Rosto do Migrante na Proposta Educativa
Scalabriniana – Ir. Maria do Carmo Gandra; O Rosto de crianças filhos de migrantes
e refugiados – Ir. Joana da Silva – (Ibarra – Equador); O Rosto do Migrante na visão
do LMS – Sra Adelaide Macedo Santana Jacinto; O Rosto da família Migrante – Ir. Luciana
Rodrigues; O Rosto do Migrante desde uma visão intercultural – Jenie Patricia Acosta
Pereira; O Rosto do Migrante Deportado – Ir. Teresinha Monteiro (Honduras); O Rosto
do Migrante Urbano – Ir. Renilda Teixeira Pereira; O Rosto do Migrante e seu Protagonismo
– Ir. Maria de Fátima Pereira; o Rosto do Migrante Sazonal – Ir. Inês Facioli.
3.
Aspectos significativos emersos do IV Seminário
As Diretrizes Gerais do Apostolado
MSCS nos recordam que o protagonismo do migrante é um valor imprescindível no apostolado
da Irmã MSCS e deve se concretizar nas diferentes formas de atuação.
Os rostos
de migrantes são para nós expressão teológica, ou seja, revelam a ação de Deus na
nossa vida e missão, sempre nos convocando a um protagonismo carismático.
A
contextualização teórica sobre a visão da mobilidade no mundo e a partilha das experiências
pastorais junto aos migrantes realizadas pelas irmãs, formandas e leigos scalabrinianos. A
migração não é um problema, mas um fato social. O migrante é um ser humano e não deve
ser tratado como problema. A migração faz parte da dinâmica da vida e é um grande
recurso para a integração da humanidade.
A solidariedade scalabriniana se manifesta
pela capacidade de ir ao encontro do migrante e procurar orientar, ajudar, esclarecer,
confortar, animar, ser esperança no sofrimento, partilhando a vida com ele.
Madre
Assunta expressou e transmitiu o carisma com a vida. Encarnou e testemunhou com sabedoria
divina. Por isto continua sendo modelo para nossos tempos.
A vocação leiga
scalabriniana exige um novo jeito de olhar para o migrante e atuar em diferentes pastorais.
As
distancias para o migrante, muitas vezes não tem a ver com o espaço geográfico. As
distancias são questões culturais. É preciso interpretar a realidade e agir conforme
os aspectos culturais que a envolvem.
Rostos de migrantes urbanos muitas vezes
escondidos nas periferias por medo de se mostrarem porque foram feridos de forma profunda
pela exclusão. É preciso ir ao encontro deles e ser estímulo na reconstrução da vida.
A
força que move o migrante é a esperança. A migração traz consigo novos valores, sementes
de comunhão e testemunho da dimensão peregrina da humanidade.
O início da nossa
Congregação se deu com o atendimento e a acolhida às crianças migrantes órfãs. Hoje,
raramente se fala em órfãos. Não seriam as crianças desacompanhadas de hoje, os órfãos
que no principio foram atendidos pela congregação?
Abertura da Escola Pe.
José Marchetti de Santo André para atender crianças menos favorecidas, como sinal
solidário e profético da Rede ESI.
4. Desafios e perspectivas para a Missionariedade
Scalabriniana:
4.1. Desafios Com o continuo crescimento dos movimentos migratórios
crescem também os desafios para a Pastoral dos Migrantes.
Migrações por questões
de desastres ambientais e guerras. Aprofundar conhecimentos sobre as diferentes
realidades migratórias, para ter uma visão mais globalizada e dessa maneira criar
estratégias de atuação, para uma missão mais concreta. Definição de prioridades
missionárias e pastorais. Aumento da violação dos direitos humanos, econômicos
e sociais dos migrantes, por isso, nossa intervenção é mais que necessária. Resgatar
a força evangelizadora e missionária do migrante como protagonista. Crianças, adolescentes
e jovens migrantes ameaçados pelas drogas, abuso sexual e trafico humano.
4.2.
PERSPECTIVAS:
A interação sócio-pastoral do migrante reduz os fatores psico-sociais
que influenciam na precariedade de suas condições de vida, favorecendo-lhe novos espaços
de convivência, resgate da auto estima e cidadania. Melhor articulação entre nossas
presenças missionárias.
5. COMPROMISSOS A SEREM ASSUMIDOS EM ÂMBITO DE PROVINCIA
Continuar
a reestruturação de nossas obras, presenças e atividades com coragem, agilidade em
desmontarmos nossas tendas e armá-las onde estão os novos movimentos migratórios. Manter
o Cultivo da identidade congregacional, preservando a unidade e continuidade do carisma
Scalabriniano. Dar prioridade ao trabalho com as mulheres migrantes e menores desacompanhados. Fortalecer
a Pastoral dos Migrantes e articular com as demais pastorais, unindo forças para responder
às novas tendências migratórias. Dar a conhecer os elementos contidos no documento
elaborado pelas observadores do Seminário nos aspectos: a) visibilidade da identidade,
espiritualidade e vida missionária Scalabriniana; b) Incidência da atividade missionária
na Igreja, nas políticas publicas e na sociedade; c) Metodologia na atividade pastoral
com os migrantes e o protagonismo dos migrantes. Ser presença de fé, alegria e
esperança junto aos migrantes nas situações de desumanização, violência, xenofobia,
discriminação e violação dos direitos humanos, denunciando, questionando, articulando
parcerias e cobrando a implementação de políticas públicas.
6. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Assim como a migração, o IV Seminário Provincial aconteceu de forma
dinâmica, permeado de muita alegria e esperança, sentimentos estes que caracterizam
a vida e missão das Irmãs, formandas e Leigos Scalabrinianos. Podemos afirmar que
a grande interrogação de Scalabrini na Estação de Milão, mediante o drama e o sofrimento
dos migrantes “O que posso fazer?” vem sendo atualizada, vivida e traduzida através
das ações missionárias em diferentes frentes migratórias, visibilizando dessa forma
o carisma scalabriniano. Com os migrantes, construtores da fraternidade universal,
esperamos novos céus e nova terra, pois, a presença deles quando acolhida e estimada
pode tornar-se uma riqueza para todos. Jundiaí, 17 de abril de 2011 (CNBB-CM)