Campanha, 16 abr (RV) - No caso da entrada de Jesus em Jerusalém, o povo festejava,
na expectativa de ter finalmente o prometido descendente de Davi, que ia reconduzir
Israel a uma situação de vitória até maior do que as glórias idealizadas do passado.
Hosana ao filho de Davi! clamavam. E a lembrança das promessas feitas à dinastia
de Davi alimentava uma certa imagem do Messias. O problema é que essa imagem de Messias
poderoso, invencível, não ia combinar bem com o que aguardava Jesus pouco tempo depois.
Ele
era o esperado e o anunciado nas profecias, mas havia várias descrições diferentes
do Messias. O profeta Daniel, por exemplo, fala do Filho do Homem descendo das nuvens,
cheio de poder e majestade. Outras profecias indicam que o Messias trará a solução
de todos os conflitos, com lobo e cordeiro pastando juntos, com as armas de guerra
transformadas em instrumentos de lavoura para trazer fartura em vez de morte.
Jesus,
porém, vai se comportar de acordo com um outro tipo de profecia: Ele encarna o Servo
sofredor, vai percorrer um caminho de redenção que passa pela coragem de assumir o
sofrimento, solidário com nossas dores. É compreensível que essa figura de Messias
alcançasse menos IBOPE.
Ainda hoje, muitas vezes, preferimos simplesmente cantar
louvores ao rei Jesus, exaltar o seu poder, em vez de lembrar que, para executar o
projeto de salvação, Ele se despojou de todo tipo de poder até se tornar completamente
indefeso na cruz.
Seguindo a trilha de Jesus, o nosso testemunho precisa ser
a capacidade de doação, de entrega da vida pela justiça, de compaixão com os que sofrem.
Além de proclamar que, através da graça, Deus mostrou que está conosco, temos que
mostrar, através do serviço humilde e dedicado, que nós queremos estar com Deus.
Padre Wagner Augusto Portugal Vigário Judicial da Diocese da Campanha(MG)