NOVO PATRIARCA DA IGREJA MARONIA: LÍBANO PERMANEÇA LUGAR DE LIBERDADE E PLURALISMO
Cidade do Vaticano, 14 abr (RV) - O Patriarca de Antioquia dos Maronitas, Béchara
Boutros Raï, por ocasião da audiência desta quinta-feira com o Santo Padre, deteve-se
nos microfones da Rádio Vaticano – na qual esteve durante 12 anos à frente do Programa
Árabe – para comentar sobre o levante popular em andamento no Norte da África e Oriente
Médio, e sobre a sua repercussão no Líbano:
Dom Béchara Boutros Raï:-
"Nós estamos preocupados: poderá haver conseqüências para o Líbano, porque não sabemos
onde essas manifestações podem chegar. O Líbano é o lugar da liberdade de expressão,
é o lugar onde todas as religiões são representadas e nenhuma religião se impõe sobre
a outra; e onde há diversidade de opiniões e pluralidade de partidos políticos. Se
esses regimes do mundo árabe se tornassem mais duros, seriam os cristãos desses países
a terem que pagar por isso! Os cristãos seriam as primeiras vítimas..."
RV:
Considerando o que está ocorrendo no Oriente Médio e no Norte da África, o senhor
tem receio da perda daquele modelo de convívio que o Líbano representa, do qual falava
João Paulo II?
Dom Béchara Boutros Raï:- "Não creio, porque os libaneses
– todos os libaneses, muçulmanos e cristãos – não querem perder esse convívio, ninguém
quer. Porém, se os cristãos continuarem emigrando em número cada vez maior, o sistema
político do Líbano será condicionado também demograficamente. De fato, se o nível
demográfico dos cristãos diminuir muito, então também a representatividade mudará:
não haverá mais paridade, ou seja, 50-50. Talvez 75-25, ou talvez tenda a desaparecer.
Mas nós esperamos poder conservar a nossa presença e manter o nosso número, inclusive
demograficamente."
RV: Há algo que a Igreja possa fazer para ajudá-los?
Dom
Béchara Boutros Raï:- "A Igreja Católica, mediante a Santa Sé e a sua força moral,
deve trabalhar na comunidade internacional. Nós faremos o nosso trabalho internamente,
entre nós, como Igrejas em nível católico-ecumênico, no diálogo inter-religioso, e
faremos o possível junto aos governos locais. Todos olham para a Igreja porque todos
sabem que a Igreja promove o bem comum e não tem nenhum interesse pessoal." (RL)