COSTA DO MARFIM: DETIDO GBAGBO. MAIS DE 800 MORTOS
Paris/Abidjã, 12 abr (RV) - O ministro das Relações Exteriores francês, Alain
Juppé, disse ontem que a detenção do presidente em fins de mandato da Costa do Marfim,
Laurent Gbagbo, “é uma boa notícia”, e insistiu que não foram as tropas francesas
a capturá-lo.
Em entrevista à emissora de rádio France Info, Juppé explicou
que as forças francesas da missão Licorne bombardearam alvos militares em Abidjã,
mas foram os militares leais ao presidente reconhecido pela comunidade internacional,
Alassane Ouattara, que entraram ontem na residência de Gbagbo e o detiveram.
Entretanto, Ivan Simonovich, do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, disse
ontem em coletiva que os abusos de direitos humanos em Abidjã e no oeste do país foram
“sistemáticos e generalizados”, por parte dos aliados do presidente cessante Laurent
Gbagbo e do eleito Alassane Ouattara.
Antes dos últimos confrontos, que levaram
à rendição de Gbagbo, já estavam confirmadas 400 baixas, entre as quais 150 civis,
atingidos por armas pesadas.
Para Simonovich, “o problema atual de Abidjã é
o vácuo de segurança. Há casos de pilhagem, violações, homicídios na área controlada
de ambos os lados do conflito”. Agora, na sequência da rendição de Laurent Gbagbo,
a ONU deverá ter condições para apurar o número exato de mortos e de casos de violações
de direitos humanos.
Fora da capital, a ONU confirmou outras 400 mortes, das
quais 255 em Duekoue, as forças de Ouattara cometeram um massacre entre os dias 28
e 29 de março. Há informações que também em Bangolo registra-se um número elevado
de vítimas
Quanto ao número de refugiados e deslocados, a Igreja Católica diz
que está ao redor de 18 mil, pouco menos do estimado anteriormente.
Recém-retornado
de uma missão – fracassada – de entrar no país levando uma mensagem de Bento XVI,
o Cardeal Peter Kodwo Turkson, presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz,
garante que este não é um conflito “inter-religioso”.
Para o cardeal ganês,
não se pode definir assim o contencioso entre o cristão Gbagbo e o muçulmano Ouattara,
porque na realidade, os aliados de ambos são de religiões diferentes.
Desde
28 de novembro de 2010, quando os eleitores da Costa do Marfim foram às urnas na esperança
de escolher o novo presidente, o país está dividido entre forças rivais que disputam
a vitória eleitoral e, com ela, a liderança legítima da nação. (CM)