PAPA: PIEDADE POPULAR É ENCONTRO COM A PALAVRA DE CRISTO
Cidade do Vaticano, 08 abr (RV) - Essa manhã, o Papa recebeu os membros e conselheiros
da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), que se reuniram nos últimos dias
aqui no Vaticano, em Assembleia Plenária. Esta Comissão depende da Congregação para
os Bispos, cujo Prefeito é o cardeal canadense Marc Ouellet, também Presidente da
CAL.
O tema do encontro deste ano foi a “Incidência da piedade popular no
processo de evangelização da América Latina”.
Na Igreja latino-americana e
caribenha, a piedade popular é um importante espaço de encontro com Cristo e uma forte
expressão de fé. Não pode ser considerada um aspecto secundário da vida cristã. Como
dito pelo próprio Papa no Discurso de abertura da Conferência de Aparecida, em 2007,
ela constitui “um precioso tesouro da Igreja católica na América Latina, que deve
ser protegido, promovido, e quando necessário, purificado”.
“Para atuar a nova
evangelização na América Latina – disse Bento XVI – não se pode deixar de lado a religiosidade
popular. Devidamente acompanhadas, elas propiciam um frutífero encontro com Deus e
a conscientização de pertença à Igreja. Deve servir também – frisou, em seguida –
para evangelizar, para comunicar a fé, para aproximar os fiéis dos sacramentos, para
fortalecer os laços de amizade e de união familiar e comunitária, além de incrementar
a solidariedade e a prática da caridade”.
Bento XVI ressalvou, porém, que
a fé é a fonte principal da piedade popular, que não se deve reduzir à simples expressão
cultural de uma determinada região; mas sim e antes de tudo, estar em estreita relação
com a sagrada Liturgia, que não pode ser substituída por nenhuma outra expressão religiosa.
Como exemplo de expressões vinculadas a celebrações do ano litúrgico na América
Latina, Bento XVI citou os santuários dedicados à contemplação dos mistérios da infância,
paixão, morte e ressurreição do Senhor, e as multidões de pessoas que os visitam para
lá depor suas penas e alegrias, pedir graças e implorar o perdão por seus pecados.
“Intimamente unida a Jesus, está também a devoção dos povos latino-americanos
e caribenhos a Nossa Senhora. Desde os albores da evangelização, ela acompanha os
filhos deste continente e é para eles fonte inesgotável de esperança. Do mesmo modo,
os santos são como estrelas luminosas que constelam os corações dos fiéis, edificando-os
com seu exemplo e protegendo-os com sua intercessão” – continuou o Pontífice.
Prosseguindo
seu discurso, Bento XVI lembrou que existem certas formas desviadas de religiosidade
popular que, longe de estimular uma participação ativa na Igreja, criam confusão e
podem favorecer a prática religiosa meramente exterior e desvinculada da fé arraigada
e interiormente viva. “Neste sentido, o encontro com a divina Palavra leva à transformação
profunda da vida, à identificação com o Senhor e á conscientização de que é preciso
estar solidamente cimentado em Cristo” - reiterou.
Bento XVI enalteceu a prática
da lectio divina em paróquias e pequenas comunidades eclesiais, pois é “nas palavras
da Bíblia que a piedade popular encontra uma fonte infinita de inspiração, modelos
insuperáveis de oração e fecundas propostas de diversos temas”.
Finalizando,
o Pontífice lembrou aos membros da CAL a importância de continuar promovendo a Missão
continental, itinerário privilegiado para levar a fé ao coração do povo, tocar-lhe
os sentimentos mais profundos e se manifestar vigorosa e operante, por meio da caridade.
Do Brasil, participaram da Assembleia os Arcebispos de Aparecida, São Paulo
e Mariana (MG), Card. Raymundo D. Assis, Card. Odilo P. Scherer e Dom Geraldo L. Rocha. (CM)