ORIENTE MÉDIO: RISCO DE DESAPARECIMENTO DO CRISTIANISMO
Bruxelas, 8 abr (RV) – A preocupação dos bispos europeus pela “situação de
opressão” na qual vivem os cristãos do Oriente Médio e pelo “perigo de desaparecer
o Cristianismo nos lugares onde nasceu e existiu por dois mil anos” foi a tônica
da sessão plenária de primavera da Comissão dos bispos da Comunidade Européia – COMECE,
que teve como tema “A Igreja cristã no Magreb e no Mashriq”, revelou o bispo de Rotterdam
e Presidente desse organismo episcopal Dom Adrianus van Luyn .
Ainda estamos
chocados, disse o Presidente Van Luyn, com os atentados sanguinários contra a Igreja
no Egito e no Iraque”, referindo-se às revoluções que nestes últimos meses se desenvolveram
nos países do Norte da Àfrica, em nome da liberdade e da democracia. “Apesar das evoluções
das últimas semanas, a situação das minorias cristãs continua precária. É necessário
protegê-las ", disse ainda o presidente da COMECE.
Em seu discurso sobre a
catástrofe que atingiu o Japão, Dom Van Lyn pediu uma reflexão sobre a utilização
da energia nuclear e sobretudo no tocante ao estilo de vida que requer uso desproporcional
de energia.
O Cardeal Antonios Naguib, patriarca copta católico de Alexandria,
trouxe ao plenário, a corrupção difundida, a pobreza, a crise social, a sufocante
atmosfera política que provocaram as manifestações do dia 25 de janeiro no Egito e
que deram vida “ao movimento pela renovação” dos jovens na Praça Tahrir que agora
‘correm o risco de serem esquecidas”.
O cardeal advertiu para o risco de que
“os Irmãos muçulmanos possam tirar das mãos dos jovens egípcios esta renovação. Ao
contrário dos Irmãos Muçulmanos, o movimento juvenil não tem líderes reconhecidos
e nem estrutura para enfrentar as próximas eleições. Precisam de tempo!”
Outro
fator de risco para a transição democrática no Egito, segundo o Cardeal Naguib, é
o artigo 2 da Constituição, que prvê a lei islâmica como fonte principal do direito.
“Como Igreja decidimos não levantar a questão para não prejudicar a coesão nacional,
deixando-a para quando a mudança da Constituição for tratada.
Somos propensos
à democracia e por isso nos preocupa este artigo ser mantido na implantação da futura
Constituição” afirmou o purpurado recordando que “ no País a igualdade não é aplicada
a todos igualmente”, apesar de termos artigos que prevejam isso.
“No movimento
de 25 de janeiro não existem motivações religiosas – concluiu Naguib – o início rosa
corre o risco de ser esquecido, mas continuamos a esperar nestes jovens”. De sua
parte, o arcebispo maronita de Chipre, Dom Yousseif, revelou que “os cristãos, como
também disse o Sínodo para o Oriente Médio, são portadores de cultura e de esperança,
de paz e de reconciliação e por esse motivo representam uma necessidade seja para
os muçulmanos seja para os não crentes”.(CAS)