Cidade do Vaticano, 07 abr (RV) - Foram retomadas nas primeiras horas desta
quinta-feira, no Canal da Sicília, as operações de busca dos desaparecidos, mais de
250 imigrantes e refugiados que viajavam na balsa que naufragou nesta quarta-feira
nas proximidades da Lampedusa, pequena ilha italiana a poucas milhas do norte da África.
A
balsa afundou em águas territoriais da ilha de Malta, em meio a um mar revolto, cujas
condições de navegação continuam proibitivas. Tendo partido da Líbia, a balsa transportava
cerca de 300 imigrantes e refugiados somalis, bengalis, sudaneses e eritreus, dos
quais somente 53 foram salvos.
Trata-se de um episódio acompanhado pelo Papa
com grande pesar e preocupação. A esse propósito, eis a reflexão do Diretor da Sala
de Imprensa da Santa Sé e Diretor-Geral da Rádio Vaticano, Pe. Federico Lombardi:
Pe.
Federico Lombardi:- "A tragédia da morte no mar de um grande número de imigrantes
que das costas do norte da África buscam alcançar a Europa atingiu profundamente o
Santo Padre, que acompanha com participação e preocupação os episódios dos imigrantes
neste período dramático. O Santo Padre e toda a Igreja recordam na oração as vítimas
de toda nacionalidade e condição – inclusive mulheres e crianças – que perdem a vida
na terrível viagem para fugir de situações de pobreza, ou de injustiça ou de violência
das quais são vítimas, em busca de proteção, acolhimento e condições de vida mais
humanas. Recordamos que entre as vítimas dessas tragédias no Mediterrâneo estavam
eritreus católicos que se encontravam na Líbia e participavam também da vida da comunidade
católica."
Sobre essa enésima tragédia no Mediterrâneo, a Rádio Vaticano entrevistou
o Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes,
Dom Antonio Maria Vegliò. Eis o que disse:
Dom Antonio Maria Vegliò:-
"Em primeiro lugar, desejo expressar a minha profunda tristeza pelo trágico naufrágio
– nesta quarta-feira – que transportava cerca de 300 pessoas, não se sabe com precisão:
homens, mulheres e crianças em fuga da África. As condições proibitivas do "nosso
Mar" ceifaram o sonho deles, como o de outros que atravessam essa encruzilhada do
desespero. Infelizmente, a opção do transporte via maris – cujas embarcações
são comumente administradas por contrabandistas e traficantes sem escrúpulos – é uma
alternativa extrema ditada pela impossibilidade de utilizar outros meios, vez que
há tempo os países europeus fecharam as fronteiras, introduzindo normas restritivas
sobre a entrada desses pobres filhos de Deus." (RL)