MONJA QUE ESCREVEU OS TEXTOS DA VIA SACRA DO COLISEU FALA À RÁDIO VATICANO
Cidade do Vaticano, 06 mar (RV) - Um chamado ao coração humano, para que olhe
com responsabilidade os dramas do mundo e possa desenvolver solidariedade diante deles.
Foi o que desejou aprofundar nas meditações que serão lidas durante a Via Sacra no
Coliseu de Roma, na Sexta-feira Santa, Madre Maria Rita Piccione, monja de clausura
agostiniana, superiora da Federação dos Mosteiros Agostinianos da Itália “Nossa Senhora
do Bom Conselho”. Autora dos textos, a religiosa escolheu uma linguagem simples, que
também quer dar voz à infância, muitas vezes ofendida, ferida explorada. A Rádio Vaticano
ouviu Madre Maria Rita que falou como nasceram as suas meditações..
R. - Eu
as pensei como uma oração, uma oração que vem do coração tocado pela Palavra, e quando
o coração é tocado pela Palavra se confronta com Jesus à luz da Palavra. É isso o
que desencadeia a confissão do coração e também a invocação de ajuda a Deus. Esta
é um pouco a estrutura de cada uma das estações: uma oração, que se modula na escuta,
portanto na reflexão da Palavra, à qual segue uma confissão do coração e uma invocação
a Deus.
P - Suas meditações oferecem reflexões sobre os cinco continentes,
o que a senhora quis dizer aos fiéis?
R. - Enquanto eu caminhava atrás de Jesus
nas várias estações da Via Sacra, tinha no coração não só os que crêem, mas todas
as pessoas. Meus olhar, minha escuta, parou neste nível, no nível do coração humano,
porque o coração humano é como um microcosmo, é como um laboratório no qual se decidem
o destino do que acontece em nível muito mais amplo, em escala mundial. Eu não faço
nessas meditações referências específicas aos dramas - que se desencadearam nos últimos
dias, pois as meditações já tinham sido escritas; refiro-me ao drama do Japão, às
guerras que estão afetando o Oriente Médio -, mas desejo ir às raízes dessas tragédias.
As raízes dos dramas humanos estão em nossos corações. Ter essa consciência é muito
importante porque é abrir-se à consciência de uma responsabilidade e solidariedade
para com tudo o que acontece no mundo, embora estejamos longe desse evento, porque
ninguém é alheio ao que atinge a humanidade.
P – A quem a senhora quis dar
voz nos seus textos?
R. - Jesus caminhando em direção do Calvário nos deixa
os passos e nós somos convidados a percorrê-los, a colocar os nossos pés nas pegadas
deixadas por Jesus para focalizar a nossa humanidade em sua humanidade. E assim, seguir
o caminho da cruz atrás de Jesus, é na verdade, a ajuda mais eficaz para crescer,
avançar no caminho da verdade e da vida. O caminho da Cruz é interceptado pelo caminho
da glória, o caminho da Cruz conflui e conduz à glória. Esta é uma mensagem de esperança
e portanto de alegria. Posso dizer que também a mensagem da simplicidade é uma mensagem
que emerge e precisamente por isso que eu sugeri, que pudesse participar de alguma
forma, na leitura desses textos, também uma criança, precisamente para dar espaço,
nesta oração da Igreja, à voz da infância, por vezes insultada, machucada, explorada.
E aqui, refiro-me não só aos casos de abusos sobre os quais muito tem se falado, pois
o campo é muito amplo e diz respeito à toda a humanidade. (SP)