Manágua, 2 abr (RV) – Duas manifestações distintas, marcadas para amanhã, poderão
trazer ainda mais instabilidade ao já fragilizado cenário político da Nicarágua. Correntes
que defendem a reeleição do Presidente Daniel Ortega devem confrontar-se com manifestantes
que não apóiam um novo mandato, inclusive a Igreja, que classificou a candidatura
a reeleição como sendo "inconstitucional e ilegal".
Segundo intelectuais e
representantes de diversos setores da sociedade, há meses a Nicarágua está paralisada
diante desta questão e nas últimas semanas agressões verbais têm-se acentuado. Isso
porque a Constituição da Nicarágua não permite que um presidente se eleja por mais
de dois mandatos consecutivos. Ortega já teve dois mandatos: o primeiro, entre 1985
e 1990, logo após o fim da ditadura de Somoza, e o atual, que terminará em 2012.
Entretanto,
seis juízes da Suprema Corte, indicados por Ortega, declararam que a proibição constitucional
não caberia neste caso. Agora, a candidatura divide a Nicarágua. Alguns dizem
que o descumprimento à Constituição e outras leis está evidente, contudo parece que
não há um consenso à vista.
Nesse contexto, a "Unión Ciudadana por la Democracia
(Ucd)", confirmou que está à frente da Marcha pela paz e contra à reeleição enquanto
setores ligados ao governo também anunciaram que farão uma manifestação a favor da
reeleição de Ortega. A eleição está marcada para 6 de novembro.
Dom Silvio
Baez, bispo auxiliar de Manágua, disse que "é grande a preocupação por aquilo que
poderá acontecer amanhã, em particular por ações mais violentas e suas graves conseqüências".
O Cardeal Miguel Bravo, arcebispo emérito de Manágua, também expressou a mesma angústia:
"Já vivemos duas guerras que nos fizeram pagar preços muito altos. A violência sempre
gera mais violência", ponderou Dom Miguel. (RB)