Roma, 29 mar (RV) - Da Prisão de Sheikupura, onde está presa em uma cela de
isolamento, Asia Bibi, a mulher cristã condenada à morte por blasfêmia, lança ao mundo
um apelo para realizar um sonho: encontrar-se com o Papa. Asia, disse o marido Ashiq
à agência Fides, que a visitou recentemente, está numa situação de extrema depressão
física e psicológica. Ashiq e os advogados da “Fundação Masihi”, que se ocupam do
caso, temem pela sua saúde, agravada pelo jejum quaresmal que, por razões espirituais,
a mulher está fazendo, “com consciência e convicção”.
“Um encontro com o Papa
seria para ela como uma Ressurreição, depois da experiência dolorosa da cruz”, explicam
os advogados da “Fundação Masihi”. “Estou frustrada e acho que minha vida está num
impasse. Eu estou desesperadamente esperando poder sair desta prisão, e quero pedir
ajuda a todos para que façam algo para me libertar”, disse Ásia, que está muito preocupado
com sua família: “Eu temo pela minha vida, pela vida dos meus filhos e de meu marido
que estão sofrendo comigo, eu sinto como se toda a minha família tivesse sido condenada.
Isso me deixa triste e me faz sentir como se eu fosse responsável, como se tivesse
falido em alguma coisa. As mulheres neste mundo são chamadas a construir uma casa,
um futuro, junto com suas famílias. Mas que futuro posso prometer à minha família?”
“Eu gostaria de oferecer-lhes uma vida mais segura em qualquer outro lugar
que não seja o Paquistão, disse Bibi. Mas sei que talvez não viverei para ver esse
dia. Ainda que eu saísse da prisão, se a Alta Corte me julgasse inocente, aqui não
sobreviveria. Os extremistas nunca nos deixarão em paz: eu sou uma mulher marcada.
Mas a minha fé é forte e eu acredito que Deus misericordioso responderá às minhas
orações”.
Após a morte de Salman Taseer e Shahbaz Bhatti, Bibi disse estar
chocada e de passar muitas noites sem dormir, com medo que ela ou outras pessoas (como
sua família ou seus advogados) possam se tornar alvo de extremistas. Asia recorda
que “a lei sobre a blasfêmia deveria ser abolida, porque prejudica a todos, cristãos
e muçulmanos. Ninguém estará seguro no Paquistão até quando essa lei estiver em vigor.
Eu sou uma vítima inocente da presente lei: Eu sofro sem ter cometido qualquer crime”.
Um vislumbre de esperança em seus olhos se acende quando fala sobre o Papa:
“Meu maior sonho é conhecer Bento XVI. A “Fundação Masihi” disse-me que o Santo Padre
falou sobre mim: isso me deu grande esperança, me incentivou a continuar a viver,
me fez sentir amada, confortada e sustentada por todo o mundo. É um privilégio saber
que o Papa falou sobre mim e que segue o meu caso pessoalmente. Gostaria poder viver
o suficiente para ver o dia em que poderei encontrá-lo e agradecê-lo pessoalmente”.
(SP)