Cidade do Vaticano, 26 mar (RV) - No último dia 24 de março, celebramos, pela
primeira vez no mundo, o “Dia Internacional pelo Direito à Verdade concernente a Graves
Violações de Direitos Humanos e pela Dignidade das Vítimas”, proclamado pela Organização
das Nações Unidas em dezembro de 2010.
A escolha do dia 24 de Março evoca
o assassinato de Dom Oscar Romero na capela do Hospital da Divina Providência, na
capital de El Salvador, em 1980, quando foi morto com um tiro no coração enquanto
celebrava Missa.
Esta data pretende reconhecer o importante trabalho e os valores
do arcebispo Oscar Arnulfo Romero depois de denunciar violações de direitos humanos
das populações mais vulneráveis e defender os princípios da proteção da vida, da promoção
da dignidade humana e de oposição a qualquer forma de violência.
O reconhecimento
de uma data internacional de observância, e a homenagem a Oscar Romero, são uma mostra
de que o direito à verdade vem ganhando contorno ao longo da última década, sendo
discutido em fóruns internacionais, e sendo temas de discussões relacionadas a justiça
de transição, permitindo que seja percebido a finalidade de um direito humano pleno,
essencial para a garantia da dignidade humana e da democracia.
As vítimas de
violações graves dos direitos humanos e as suas famílias têm o direito inalienável
de conhecer a verdade com relação aos acontecimentos passados sobre a perpetração
de crimes odiosos contra eles. Eles têm o direito de saber sobre as circunstâncias
e os motivos que levaram, através de violações massivas e sistemáticas, à perpetração
desses crimes. Eles têm o direito de saber quem são os autores, além do paradeiro
das vítimas. A verdade é uma ferramenta para combater a impunidade. É uma ferramenta
para a justiça.
A Assembléia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque adotou
por consenso, a resolução que proclamou o dia 24 de março como “Dia Internacional
pelo Direito à Verdade, dedicando dessa forma uma justa homenagem a Dom Romero, incansável
defensor dos direitos humanos. Assim, se busca render tributo às pessoas que como
Dom Romero dedicaram sua vida a promover os direitos humanos de todos, protegendo
os mais vulneráveis e desprotegidos.
“É inconcebível que alguém se diga ‘cristão'
e não faça, como Cristo, uma opção preferencial pelos pobres”, disse Dom Romero, em
sua homilia, dia 9 de setembro de 1979. Cinco meses depois, no dia 24 de março de
1980 caía morto com uma bala no coração. (SP)