2011-03-25 16:07:49

“Pátio dos Gentios” nasceu para derrubar muros


(25/3/2011) Inaugurado em Paris, o encontro internacional do «Pátio dos Gentios», nova estrutura para o diálogo com não crentes, afirmando que este pretende ser um “espaço aberto”.
Na abertura dos trabalhos, que decorreram na tarde desta quinta feira na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), o cardeal Gianfranco Ravasi destacou que esta iniciativa quer “derrubar” muros.
A Igreja Católica, disse o presidente do Conselho Pontifício da Cultura, quer convidar os não crentes a “iniciar uma viagem” conjunta, em busca da “verdade”, do “sentido da existência” e da “comunhão”.
O nome «Pátio dos Gentios» evoca o espaço homónimo que, no antigo Templo de Jerusalém, hospedava os não judeus.
Juntando diplomatas, escritores, pensadores e representantes do mundo da cultura, a conferência inaugural deixou vários apelos ao diálogo, como o da directora geral da UNESCO, Irina Bokova, em videomensagem.
O filósofo católica Fabrice Hadjadj, falou sobre o homem que se “espanta por existir” e precisa, por isso de um “céu, uma esperança, uma razão”.
Trata-se, disse, de colocar a questão do homem e reconhecer que o que faz a sua especificidade não é ser um superanimal”, mas recolhe todas as criaturas, “pela sua oração, pela sua poesia” e as encaminha “rumo a uma fonte misteriosa”.
Aziza Bennani, embaixadora de Marrocos na UNESCO, destacou a importância de “alargar o diálogo inter-religioso e assim ultrapassar o separatismo”.
Esta responsável apelou a um diálogo mais concentrado sobre as “convergências” entre crentes e não crentes, “para promover uma cultura da paz, uma paz duradoura”.
O ex-primeiro-ministro italiano Giuliano Amato falou, por seu lado, das dificuldades que se colocam no diálogo intercultural e convidou a uma “aliança entre crentes e não crentes” para dar “sentido” à liberdade e à democracia.
Jean Vanier, fundador da comunidade de «L'Arche», que trabalha com pessoas portadoras de deficiências, falou na necessidade de “reconhecimento”, de haver quem olhe o outro como “um ser humano”.
“A diferença não é uma ameaça, mas um tesouro”, precisou.
Francesco Follo, observador da Santa Sé na UNESCO, encerrou os trabalhos desta primeira conferência, sublinhando que o caminho da reflexão continua “aberto” e que qualquer monólogo é “patológico”.
Na manhã desta sexta-feira, os trabalhos tiveram lugar na Universidade de Sorbonne e, à tarde, na Academia de França.
Depois dos colóquios, decorre uma mesa-redonda no Colégio dos Bernardinos, edifício histórico, do século XIII.
A iniciativa inclui ainda uma festa especialmente pensada para os mais jovens, tendo como tema «No pátio do Desconhecido», na catedral Notre Dame de Paris, no dia 25 de Março, com música, espectáculos e um encontro de reflexão, seguindo-se uma vigília de oração e uma meditação.
Durante este último momento, haverá uma ligação em directo ao Vaticano para que o Papa se dirija a todos os presentes sobre o “significado e os objectivos” desta iniciativa.
Depois de Paris, as iniciativas do «Pátio dos Gentios» vão passar por Florença (Itália), Tirana (Albânia), Estocolmo (Suécia), Berlim (Alemanha), Moscovo (Rússia), Quebeque (Canadá), Praga (República Checa), Chicago e Washington (EUA).








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