Em Portugal, crise «política, económica e monetária» com gravosas consequências sociais
(24/3/2011) O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga,
criticou a falta de “estabilidade” política em Portugal, apelando a uma maior “transparência
e esclarecimento da situação”. O prelado falava horas antes de o primeiro-ministro,
José Sócrates, ter apresentado o pedido de demissão ao presidente da República, Aníbal
Cavaco Silva, na sequência do chumbo, no Parlamento, da nova versão do Programa de
Estabilidade e Crescimento (PEC). O arcebispo de Braga questionava qual era "a
estabilidade e o crescimento dos outros PEC’s” anteriormente aprovados. Segundo
este responsável, “apenas se vêem os sacrifícios do povo português”, sem falar “no
todo da realidade”. O bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, aguardava “com preocupação”
o desenrolar dos acontecimentos, esperando que haja “um contributo válido para o esclarecimento
da situação” em Portugal. O país vive “momentos difíceis” e está “em suspenso"
num momento em que tudo leva a "acreditar que vai haver uma mudança significativa
ao nível governativo”, realçou o prelado. D. António Vitalino, bispo de Beja, não
antecipava cenários políticos, mas deixava uma certeza: "Quando não há confiança num
governo, é fundamental mudar”. Foram apresentadas “medidas atrás de medidas”, no
entanto os governantes “não prestaram contas das «coisas» que se fazem, nem como gastam
o dinheiro”, sublinha o bispo de Beja. Com o cenário político a enveredar para
novas eleições, este responsável pede aos políticos “menos demagogia e mais esclarecimento”. Já
para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) é fundamental “colocar
o interesse nacional acima dos interesses pessoais ou partidários”, só assim será
possível “ultrapassar os momentos difíceis”. Se o interesse nacional estiver no
topo das prioridades, D. Jorge Ortiga afirma que quem “ganha é o povo português e,
especialmente, os mais carenciados”. A este respeito, D. Ilídio Leandro afirma
que a Igreja portuguesa está atenta às situações de fragilidade e tem “sido uma ajuda
preciosa a quem tem mais dificuldades”. O Parlamento aprovou ao início da noite
cinco resoluções de rejeição do PEC proposto pelo Governo, incluídas em projectos
de resolução da oposição, abrindo caminho à demissão do executivo liderado por José
Sócrates. Em comunicado publicado pelo site da Presidência da República, adianta-se
que "com vista à resolução da situação política decorrente do pedido de demissão do
primeiro-ministro, o presidente da República, nos termos constitucionais, irá promover,
nesta sexta feira dia 25, audiências com os partidos representados na Assembleia
da República, mantendo-se o Governo na plenitude de funções até à aceitação daquele
pedido".