Tóquio, 23 mar (RV) - Ouvintes da Rádio Vaticano saúdo-os com o coração e a
mente ainda abalados pelos acontecimentos trágicos que assolaram o lindo Japão nos
útimos dias. O dia 11 de março era um dia ensolarado, faltando poucas semanas
para que reverenciássemos o desbrochar das cerejeiras. O país do Sol Nascente, considerado
um dos mais seguros do mundo foi o palco de terromotos seguidos de tsunamis que causaram
um impacto indescrítvel em todos os habitantes do país, mas de uma forma especial
aos estrangeiros que aqui moram, entre eles os 254.000 brasileiros. O tempo prolongado
de réplicas, algumas delas muito fortes, provocaram alertas de novos tsunamis desestabilizando
física e emocionalmente as pessoas. Muitas deixaram para trás a casa e o trabalho
e foram para junto de parentes por medo de estar sózinhas na eventualidade de outros
tremores. Não faltou quem fosse para longe de sua cidade e transformasse o carro em
residência por alguns dias. Às 14.46, os trabalhores e trabalhadoras no turno
da noite estavam em casa sózinhas. É facil imaginar o desepero de se encontrar dentro
de uma pequena casa ou apartamento balançando por todos os lados, objetos caindo e
quebrando, paredes rangindo e um barulho estranho. As crianças e os jovens estavam
na escola onde foram induzidos em movimentos estranhos junto com carteiras e cadeiras
agitadas por forças invisíveis, tendo que abandonar as salas com proteção na cabeça. Nas
fábricas, o barulho ritmado das máquinas sofreu a interferência daquele de objetos
e equipamentos caindo enquanto os trabalhadores tiveram que correr em busca de um
lugar seguro. Em muitos lugares as pessoas entraram em pânico. A vivência e a partilha
dessas experiências e a possibilidade de morrer longe da família faz surgir a idéia
de voltar ao Brasil. Nos últimos dias verifica-se um movimento sem precedentes de
brasileiros e outros imigrantes no Centro de Imigração para protocolar a permissão
para sair e regressar ao país. Um oficial do governo, enquanto observava a multidão
falou-me em voz baixa: “os estrangeiros podem ir embora em caso de desastre. Nós,
japoneses, não podemos”. Missionário Padre Olmes Milani CS. De Tóquio para a
Rádio Vaticano, 18 demarço de 2011.