Roma, 23 mar (RV) - No Diário de uma amizade – A família Półtawski e Karol
Wojtyła, lançamento da Paulus -, Wanda Półtawska torna público a sua fraterna relação
com um jovem sacerdote que anos depois se tornaria o Papa João Paulo II.
A
obra foi lançada originalmente em 2009, na Polônia, com o título Beskidzkie rekolekcje.
Em 2010, foi publicada na versão italiana, com o título Diário di un’amicizia – La
famiglia Półtawski e Karol Wojtyła. Este ano, o livro que apresenta as lembranças
da médica polonesa, hoje com 89 anos, e as cartas trocadas com o Santo Padre ao longo
de sua vida foi lançado em português.
Entre outros relatos, a autora conta
que viveu horrores no campo de concentração de Ravensbrück, localizado na antiga Alemanha
Oriental, sendo submetida pelos médicos nazistas a uma cirurgia com fins experimentais
e a pesados sofrimentos físicos.
Depois de muitas atrocidades e com a derrota
da Alemanha ela pôde, enfim, regressar à Polônia. Porém, não conseguia encontrar para
si um lugar tranquilo no mundo e, profundamente marcada por essa experiência, dedicou-se
à medicina e à psiquiatria com o objetivo de decifrar o porquê de os homens serem
capazes de tamanha selvageria.
Casada e com muitos afazeres por conta da profissão,
Wanda relata que não alcançava a paz interior; a vida familiar e profissional não
lhe bastava. Procurava alguém que a entendesse e ajudasse, até que, naquela busca
incessante, deparou-se com a figura de um sacerdote: Karol Wojtyła.
“Não aconteceu
nada de extraordinário, mas o modo de tratar, o tom e aquilo que ele disse atingiram
o alvo e corresponderam àquilo de que eu necessitava. Tive imediatamente a certeza
de que voltaria àquele sacerdote, pois me compreendia. Lembro-me daquela incrível
sensação de alívio pelo fato de que existia alguém que finalmente me compreendia”.
Daí em diante, o então padre Wojtyła tornou-se seu confessor e diretor espiritual.
Desde
o início da amizade, a médica polonesa escrevia seus pensamentos ao padre, pois, juntos,
tinham o costume de meditar pela manhã, após a missa. Karol Wojtyła escolhia um texto
sobre o qual refletiam ao longo do dia, e à tarde discutiam-no. Quando não era possível
se reunirem, o sacerdote anotava os textos destinados para cada dia e ela descrevia
aquilo que pensava sobre o assunto, para depois entregar-lhe.
Wanda também
compartilha com o leitor a carta de Karol Wojtyła na qual ele pede ao Padre Pio (canonizado
pelo papa João Paulo II) sua intercessão para o caso de um câncer gravíssimo que ela
padeceu e, em seguida, a carta de agradecimento pela cura milagrosa da amiga, antes
mesmo da cirurgia.
Lidos e aprovados pelo papa João Paulo II – que, durante
um almoço na presença de Józef Michalik, disse a Wanda: “Você deve escrever as suas
memórias” –, os textos da obra Diário de uma amizade – A família Półtawski e Karol
Wojtyła apontam que a direção espiritual e a proximidade pessoal do sacerdote permitiram
à autora compreender o sentido da vida, pelo qual clamava o seu coração, além de mostrar
como o amor respeitoso de Wanda e de sua família para com o Santo Padre pôde ajudá-lo
também em sua caminhada na fé.
Diário de uma amizade é fruto da longa amizade
com Karol Wojtyła, que continuou também quando ele se tornou Papa João Paulo II. (SP)