DOM VEGLIÒ VISITA A JORDÂNIA E FALA SOBRE OS MIGRANTES
Amã, 19 mar (RV) - O presidente do Pontifício Conselho da Pastoral dos Migrantes
e Itinerantes, Dom Antonio Maria Vegliò, se encontra em Amã, na Jordânia para uma
visita dedicada aos problemas da migração: estão previstos encontros com representantes
das autoridades civis e religiosas, embaixadores, com o representante do Alto Comissariado
da ONU para os Refugiados, e com algumas Organizações não-governamentais envolvidas
na assistência a imigrantes e refugiados, como Serviço Jesuíta aos Refugiados e como
a Caritas.
Previstos ainda encontros com algumas famílias de refugiados do
Iraque e com a comunidade paroquial iraquiana. A Jordânia, de fato, que tem cerca
de seis milhões de habitantes, hospeda cerca de 500 mil refugiados iraquianos e 300
mil trabalhadores migrantes. Dom Vegliò, ontem à tarde, encontrou-se com as organizações
católicas às quais falou sobre a pastoral dos refugiados.
O presidente do Pontifício
Conselho da Pastoral dos Migrantes e Itinerantes lembrou que na Jordânia a maioria
dos trabalhadores migrantes é proveniente do Egito, Sri Lanka e Filipinas: são pessoas
que muitas vezes “vivem à mercê de seus empregadores e agências de recrutamento”,
que os trouxeram ao país. “Em agosto de 2008 - afirma o prelado - a Jordânia revisou
a sua legislação sobre o trabalho”, reconhecendo os direitos de determinados grupos,
especialmente o dos trabalhadores domésticos. Porém - continua o prelado – “não está
claro, se e em que medida estas regras foram aplicadas”. Na realidade, “os trabalhadores
migrantes são ainda vulneráveis à exploração e abusos que podem ser facilmente escondidos
pelos empregadores, agências de recrutamento e pelos mesmos funcionários”.
O
presidente do discastério vaticano em seguida, se detém sobre a precária situação
dos refugiados iraquianos “que não têm um estatuto jurídico claro”. Trata-se de dezenas
de milhares de pessoas que vivem na pobreza, e que correm o risco de serem exploradas
e com a perspectiva de serem forçadas a realizar um retorno “voluntário” ao Iraque.
“Os homens que não conseguem trabalhar, são incapazes de sustentar as suas famílias,
e assim sofrem de depressão, ansiedade e doenças crônicas”. Uma situação desumana:
pessoas que vivem durante anos sem esperança de uma vida digna, feridas no íntimo
por “não serem vistas como seres humanos”.
“Uma tragédia que deve tocar-nos
pessoalmente, disse Dom Vegliò, que apela a um renovado compromisso de organizações
católicas a apoiar material e espiritualmente os refugiados iraquianos na Jordânia.
“A dignidade de cada pessoa - observa - é o ponto central da Doutrina Social da Igreja,
que é a medida de cada instituição e de cada decisão”. “A Igreja - reafirma - deve
levantar a sua voz para defender os direitos dos refugiados.
Dom Vegliò, finalmente,
chama a atenção das organizações caritativas católicas por um risco: o fato de depender
de doadores não-católicos para o financiamento de seus serviços, não pode colocar
em posição de determinar as políticas de sua missão e portanto de “ questionar a sua
identidade”. (SP)