Rio de Janeiro, 18 mar (RV) - Neste sábado celebramos a solenidade litúrgica
daquele que é invocado como esposo da Bem-aventurada Virgem Maria e Padroeiro da Igreja
Universal. O Papa Leão XIII, em 15 de agosto de 1889, publicou a Encíclica Quamquam
pluries, através da qual recordava o valor da devoção e, consequentemente, incentivava
o culto de veneração ao glorioso São José. Diz-nos o Papa: “Recomendamos, além
disso, aos fiéis daquelas nações nas quais o dia 19 de março, consagrado a São José,
não esteja incluído entre as festas de preceito, que não deixem por quanto possível,
de santificá-lo ao menos em particular, em honra do celeste Patrono, como um dia festivo”. Nossa
celebração anual, neste mês em que a piedade popular chama de mês de São José, já
que são tantas as catedrais, inúmeras as paróquias e quase incalculáveis as capelas
a ele dedicadas, muitos devotos prestam o culto de veneração àquele que é cognominado
“justo”. Diz o Papa Leão XIII: “vimos um grande progresso no culto a São José,
anteriormente promovido pelo zelo dos Sumos Pontífices, depois estendido a todo o
mundo, especialmente quando Pio IX, nosso predecessor de feliz memória, a pedido de
muitíssimos bispos, declarou o Santo Patriarca, Patrono da Igreja Católica. Todavia,
por ser muito importante que o seu culto penetre profundamente nas instituições católicas
e nos costumes, queremos que o povo cristão receba da nossa própria voz e autoridade
todo o incentivo possível. As razões pelas quais São José deve ser tido como Patrono
da Igreja – e a Igreja por sua vez espera muitíssimo da sua especial proteção – residem,
sobretudo, no fato de que ele é esposo de Maria e pai putativo de Jesus Cristo. Daqui
derivam toda a sua grandeza, graça, santidade e glória...” “Foi ele, de fato, que
guardou com sumo amor e contínua vigilância a sua esposa e o Filho divino; foi ele
que proveu o seu sustento com o trabalho; ele que os afastou do perigo a que os expunha
o ódio de um rei, levando-o a salvo para fora da pátria, e nos desconfortos das viagens
e nas dificuldades do exílio foi de Jesus e Maria companheiro inseparável, socorro
e conforto”. A missão de São José não se encerra, contudo, com a sua vida terrena,
porque a sua autoridade de pai, pela vontade de Deus, estendeu-se, de modo peculiar,
sobre toda a Igreja: “a Sagrada Família, que José governou com autoridade de pai,
era o berço da Igreja nascente. A Virgem Santíssima, de fato, enquanto Mãe de Jesus,
é também mãe de todos os cristãos por ela gerados em meio às dores do Redentor no
Calvário. E Jesus é, de alguma maneira, como o primogênito dos cristãos que, por adoção
e pela redenção, são seus irmãos. Disso deriva que São José considera como confiada
a Ele próprio a multidão dos cristãos que formam a Igreja, ou seja, a inumerável família
dispersa pelo mundo, sobre a qual Ele, como esposo de Maria e pai putativo de Jesus,
tem uma autoridade semelhante à de um pai. É, portanto, justo e digno de São José
que, assim como ele guardou no seu tempo a Família de Nazaré, também agora guarde
e defenda com seu patrocínio a Igreja de Cristo”. Ainda o Sumo Pontífice exorta
a todos os cristãos, na fidelidade ao dever de estado, para que o tenham como modelo
e protetor: “Nele, os pais de família encontram o mais alto exemplo de paterna
vigilância e providência; os cônjuges, o exemplo mais perfeito de amor, concórdia
e fidelidade conjugal; os consagrados a Deus, o modelo e protetor da castidade virginal”. Uma
das versões do popular Hino a São José é a vocacional: “São José, mandai vocações,
padres pedem as multidões!” Isso nos motiva a viver também nesse dia um dia vocacional
muito especial. São José é o padroeiro do nosso Seminário Arquidiocesano. O Seminário
Arquidiocesano de São José, cuja festa dos 270 anos celebramos recentemente, foi fundado
aos 5 de setembro de 1739 por Dom Frei Antonio Guadalupe, e tem a responsabilidade
de proporcionar a formação humana, pastoral, comunitária, espiritual e acadêmica,
incluindo os cursos de Filosofia e Teologia a jovens em regime de internato, para
se prepararem devidamente ao ministério sacerdotal. Nesse dia festivo, o Seminário
São José oferece à Igreja do Rio de Janeiro nove jovens seminaristas que se apresentam
para a ordenação diaconal, o primeiro grau do sacramento da Ordem. Nós nos alegramos
e convidamos a todos para esse momento importante para nossa Igreja, que acontecerá
às 8h30 deste sábado, dia 19 de março, na Catedral de São Sebastião. Os ordinandos
escolheram como lema “Eis o servo fiel e prudente” (cf. Mt 24, 45). A passagem bíblica
escolhida pelos seminaristas como lema da ordenação tem, sem dúvida, relação direta
com a data, a vida e a festa de São José. Esposo devoto de Maria e pai adotivo do
Redentor, São José é um servo fiel e prudente. E assim, os futuros diáconos também
querem ser no serviço ao povo de Deus. Que São José, homem justo, que foi escolhido
para ser esposo da Mãe de Deus, servo fiel e prudente, constituído chefe da vossa
família, para guardar com paternal solicitude o vosso Filho unigênito, Jesus Cristo,
Nosso Senhor, interceda sempre por nós junto a Ele, e interceda de modo especial pelo
Nosso Santo Padre Bento XVI, que o tem como padroeiro onomástico (Joseph) e interceda,
também, pela Igreja de São Sebastião, que, à sombra das virtudes do homem justo, São
José, acolha os novos ministros ordenados como diáconos. Eles, depois de um tempo
de experiência diaconal, destinam-se a ser ordenados ao ministério presbiteral. Pedimos
a Deus para que sejam o bom odor da santidade de Cristo na vida de nossa Igreja e
na santificação de nosso povo fiel.
† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ